Forças Armadas brasileiras tencionam fazer apuramento paralelo da votação nas presidenciais

Fernando Bizerra / EPA

As Forças Armadas tencionam realizar um apuramento paralelo das urnas eletrónicas nas eleições presidenciais no Brasil, algo inédito na história da democracia do país, divulgou esta segunda-feira a imprensa local.

O jornal Folha de S.Paulo adiantou que a medida consistirá em levar militares para fotografar boletins impressos em cerca de 385 urnas eletrónicas espalhadas pelo país ao final da votação e enviar os arquivos para o Comando de Defesa Cibernética do Exército, em Brasília, que faria um trabalho paralelo de contagem dos votos.

As Forças Armadas não têm atribuição de interferir ou conferir o processo eleitoral segundo a Constituição brasileira, mas os militares envolveram-se na corrida de 2022 ao aceitar um convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para integrar a comissão fiscalizadora das eleições.

A atuação dos militares na comissão do TSE tem gerado críticas porque o atual Presidente, Jair Bolsonaro, afirma reiteradamente, sem apresentar provas, que o sistema de votação eletrónica é inseguro, alega haver um plano em curso para o derrotar e, por isto, as Forças Armadas, às quais se apresenta como “comandante e chefe” mesmo como candidato à reeleição, atuariam por ordem sua para auditar o processo de votação.

O jornal brasileiro citou um alegado acordo para obter informações firmado entre militares e o TSE, posteriormente negado pelo judiciário brasileiro.

O TSE “informa, em relação à apuração das eleições 2022, que não houve nenhuma alteração do que definido no primeiro semestre, nem qualquer acordo com as Forças Armadas ou entidades fiscalizadoras para permitir acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização do pleito eleitoral pelos TREs, cuja realização é competência constitucional da Justiça Eleitoral”, frisou em nota.

Sobre a contagem de votos, o TSE sublinhou que a totalização independente a partir da somatória dos boletins de urna é “possível há várias eleições” e que “para a eleição deste ano, foi implementada a novidade de publicação dos boletins de urnas pela rede mundial de computadores, após o encerramento da votação para acesso amplo e irrestrito de todas as entidades fiscalizadoras e do público em geral”.

As eleições presidenciais no Brasil têm a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda volta, caso seja necessária, no dia 30.

Dez candidatos disputam as presidenciais brasileiras: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D`Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

Lusa //

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