Mais trabalhadores forçados a aceitar empregos maus

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Tendência em 2023 é de vermos mais trabalhadores a aceitar empregos com baixa qualidade, salários baixos. Consequências do panorama económico global.

A economia está mais apertada, e vai estar mais apertada ao longo de 2023.

Uma desaceleração económica que é consequência ainda da pandemia, à qual se juntou à guerra na Ucrânia e uma crise financeira em diversos países.

E este cenário deverá originar outro problema: por precisarem desesperadamente de dinheiro, mais trabalhadores vão aceitar empregos maus.

A conclusão chegou nesta semana num relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho.

A entidade acredita que o panorama de incerteza no mercado laboral e a pressão vão piorar as questões de justiça social. Mais pessoas vão aceitar empregos de baixa qualidade e, por vezes, salários muito baixos enquanto trabalham demasiadas horas.

Mais trabalhadores vão entrar em empresas ou aceitar tarefas que não têm as devidas condições de segurança no trabalho e de segurança social.

O desemprego é um problema mas a “qualidade do emprego” continua a ser uma preocupação fundamental.

Este ano deverá reforçar ainda mais as desigualdades que a COVID-19 já tinha salientado.

Olhando para números, o crescimento global do emprego em 2023 deverá ser de apenas 1%. Menos de metade do ano passado.

Mais pessoas deverão ficar desempregadas: 208 milhões (mais 3 milhões), uma taxa mundial de 5,8%. E está 16 milhões acima do valor de 2019 – ou seja, antes da pandemia.

Há uma oferta restrita de mão-de-obra nos países mais desenvolvidos, avisa o relatório.

A inflação, o aumento do custo de vida, vai deixar mais pessoas pobres.

E ainda há outro problema social: há cada vez mais desempregados que já nem procuram frequentemente novo emprego porque, ou estão desmotivadas, ou porque têm outras obrigações mais importantes na sua vida – como cuidar de alguém.

O relatório repete o aviso: estamos a assistir à estagflação (alta inflação e baixo crescimento económico, ao mesmo tempo); algo que não acontecia há 50 anos.

Este contexto preocupante deverá ditar que só a partir de 2025 haverá uma recuperação para níveis pré-pandemia.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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