O míssil que em novembro de 2022 matou dois civis na aldeia polaca de Przewodow, perto da fronteira com a Ucrânia, era ucraniano e não russo, confirmou esta quinta-feira o ministro da Justiça polaco.
A confirmação surge quase um ano depois do sucedido, cujo responsável teria sido, segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, da Rússia.
“O míssil não era nosso, sem qualquer dúvida”, declarou Zelenskyy na televisão. “Julgo que era um míssil russo”, acrescentou, e quando responsáveis da NATO e do Governo polaco admitem que se tratou provavelmente de um míssil pertencente ao sistema ucraniano de defesa antiaérea.
A explosão no local de uma instalação de secagem de cereais perto de uma escola, a cerca de seis quilómetros da fronteira com a Ucrânia, ocorreu quando a Rússia realizava ataques massivos contra infraestruturas civis ucranianas, em todo o território da Ucrânia.
The Polish prosecutor’s office confirmed that the rocket that fell on November 15 in Przewodow, Poland, was a missile from the Ukrainian S-300 .
The missile was fired from western Ukraine.
Ukraine itself did not cooperate with the investigation and did not provide materials pic.twitter.com/Ai5Vg0syCx
— ДражаМ (@DrazaM33) September 26, 2023
“A investigação levada a cabo pelos procuradores polacos levou à conclusão inequívoca de que este míssil era ucraniano”, declarou esta quinta-feira Zbigniew Ziobro, que também ocupa o cargo de procurador-geral polaco.
“Considerando de onde foi disparado e por que unidade militar, tratava-se de um míssil ucraniano”, esclareceu, ao indicar que se tratava de um projétil “de fabrico soviético”. Ziobro lamentou ao mesmo tempo que “durante meses não tenha cooperado neste assunto” com Kiev.
A Rússia negou ter disparado um míssil sobre a povoação polaca perto da fronteira com a Ucrânia, enquanto Varsóvia admitiu ser “altamente provável” que se tratasse de um “lamentável acidente” provocado por um projétil antiaéreo ucraniano. Ziobro não mencionou nenhum responsável pelo incidente.
A Polónia invocou na altura o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte da NATO, que permite convocar uma consulta extraordinária dos estados membros da aliança para discutir o assunto.
O presidente dos EUA, Joe Biden, o polaco Andrzej Duda e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciaram que a explosão mortal provavelmente foi causada por um míssil S-300 ucraniano.
Os antigos sistemas S-300 estavam a trabalhar horas extras para proteger a Ucrânia de uma chuva de ataques aéreos, o que levou ao incidente. Foi um caso trágico, mas acidental, de fogo amigo.
A queda do míssil sobre a aldeia polaca suscitou na altura receios de que a NATO fosse arrastada para o conflito e uma grande escalada na guerra na Ucrânia, uma vez que a Polónia está protegida por um compromisso de defesa coletiva da NATO.
O partido polaco de extrema-direita Konfederacja, antieuropeu e antiucraniano, exigiu o pagamento de “compensações” por parte de Kiev, duas semanas antes das eleições legislativas na Polónia onde este grupo pode contar com o apoio de cerca de 10% de eleitores.
ZAP // Lusa
É a especialidade da ucrânia, atirar sobre civis.