Foi um míssil ucraniano que matou duas pessoas na Polónia

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Oleg Petrasyuk / EPA

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy.

O míssil que em novembro de 2022 matou dois civis na aldeia polaca de Przewodow, perto da fronteira com a Ucrânia, era ucraniano e não russo, confirmou esta quinta-feira o ministro da Justiça polaco.

A confirmação surge quase um ano depois do sucedido, cujo responsável teria sido, segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, da Rússia.

“O míssil não era nosso, sem qualquer dúvida”, declarou Zelenskyy na televisão. “Julgo que era um míssil russo”, acrescentou, e quando responsáveis da NATO e do Governo polaco admitem que se tratou provavelmente de um míssil pertencente ao sistema ucraniano de defesa antiaérea.

A explosão no local de uma instalação de secagem de cereais perto de uma escola, a cerca de seis quilómetros da fronteira com a Ucrânia, ocorreu quando a Rússia realizava ataques massivos contra infraestruturas civis ucranianas, em todo o território da Ucrânia.

“A investigação levada a cabo pelos procuradores polacos levou à conclusão inequívoca de que este míssil era ucraniano”, declarou esta quinta-feira Zbigniew Ziobro, que também ocupa o cargo de procurador-geral polaco.

“Considerando de onde foi disparado e por que unidade militar, tratava-se de um míssil ucraniano”, esclareceu, ao indicar que se tratava de um projétil “de fabrico soviético”. Ziobro lamentou ao mesmo tempo que “durante meses não tenha cooperado neste assunto” com Kiev.

A Rússia negou ter disparado um míssil sobre a povoação polaca perto da fronteira com a Ucrânia, enquanto Varsóvia admitiu ser “altamente provável” que se tratasse de um “lamentável acidente” provocado por um projétil antiaéreo ucraniano. Ziobro não mencionou nenhum responsável pelo incidente.

A Polónia invocou na altura o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte da NATO, que permite convocar uma consulta extraordinária dos estados membros da aliança para discutir o assunto.

O presidente dos EUA, Joe Biden, o polaco Andrzej Duda e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciaram que a explosão mortal provavelmente foi causada por um míssil S-300 ucraniano.

Os antigos sistemas S-300 estavam a trabalhar horas extras para proteger a Ucrânia de uma chuva de ataques aéreos, o que levou ao incidente. Foi um caso trágico, mas acidental, de fogo amigo.

A queda do míssil sobre a aldeia polaca suscitou na altura receios de que a NATO fosse arrastada para o conflito e uma grande escalada na guerra na Ucrânia, uma vez que a Polónia está protegida por um compromisso de defesa coletiva da NATO.

O partido polaco de extrema-direita Konfederacja, antieuropeu e antiucraniano, exigiu o pagamento de “compensações” por parte de Kiev, duas semanas antes das eleições legislativas na Polónia onde este grupo pode contar com o apoio de cerca de 10% de eleitores.

ZAP // Lusa

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