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Foguetão com tecnologia portuguesa partiu à descoberta de vida em Marte

ESA–Stephane Corvaja, 2016

Lançamento do foguetão Proton-M no âmbito da missão espacial ExoMars 2016 em Baikonur, Cazaquistão, a 14 de Março de 2016.

Um foguetão partiu, esta segunda-feira, rumo a Marte, numa missão espacial em busca de sinais de vida no Planeta Vermelho. Duas empresas portuguesas têm um papel essencial neste projecto europeu, que pode culminar numa das maiores descobertas da humanidade.

Lançado a partir de Baikonur, no Cazaquistão, o foguetão Proton-M integra a chamada missão ExoMars que é uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Russa (Roscosmos), integrada no âmbito do programa Aurora que tenta encontrar sinais de que há ou tenha havido vida em Marte.

Nesta missão, que pode mudar a forma como entendemos o mundo em que vivemos, duas empresas de Coimbra, a Active Space Technologies e a CRITICAL Software, têm papeis fundamentais.

A chegada do Proton-M a Marte está prevista para Outubro, e nessa altura o foguetão deverá dividir-se em duas componentes: por um lado, o satélite Trace Gas Orbiter (TGO) que, durante os próximos 5 anos, vai espiar a atmosfera marciana em busca de metano, de vapores de água e de outros vestígios de gases e avaliar se serão produtos de actividade biológica ou geológica; por outro lado, o Schiaparelli, um módulo de demonstração de entrada, descida e aterragem que vai servir essencialmente, para teste com vista à próxima missão, perspectivada para 2018.

Robô que vai aterrar em Marte passa por Coimbra

ESA/ATG medialab

Ilustração do interior da Schiaparelli, módulo de demonstração de Entrada, Descida e Aterragem da ExoMars 2016.

Ilustração do interior da Schiaparelli, módulo de demonstração de Entrada, Descida e Aterragem da ExoMars 2016.

Com a ExoMars 2018, o plano é enviar para Marte um robô que percorrerá a superfície do planeta em busca de sinais químicos de vida, recolhendo e analisando as amostras in loco.

A Active Space Technologies (AST) está já a trabalhar nessa missão, depois de ter estado activamente envolvida no projecto térmico do Schiaparelli que foi hoje lançado para o espaço.

Esta empresa de Coimbra, que a par da CRITICAL Software integra o consórcio internacional, sob a liderança da Thales Alenia Space Italia, que trabalha com a ESA, está a desenvolver e a testar as estruturas electro-mecânicas do robô que vai aterrar e percorrer Marte, em 2018.

A AST também, tem trabalhado com a NASA, nomeadamente no fabrico e montagem dos protótipos de teste da nave Orion que vai ser lançada para o espaço, em 2017, para um voo não tripulado à volta da Lua, e que visa substituir o Space Shuttle para transportar astronautas em missões espaciais.

Software português controla missão a Marte

A CRITICAL Software (CS) participou na concepção e no desenvolvimento do satélite TGO, sendo responsável pelo software que controla a missão espacial e “pelos respectivos instrumentos de bordo, bem como por validar o sistema implementado no satélite e proceder aos testes do funcionamento do equipamento real, garantindo que não existem quaisquer falhas”, explica a própria empresa de Coimbra no seu site.

O director de desenvolvimento de negócio da CS, Bruno Carvalho, releva que “o nível de criticidade destes equipamentos e do sistema implementado no satélite são elevados”, notando que a participação da empresa portuguesa na sua primeira missão a Marte reflecte “o know-how e as competências tecnológicas e humanas” dos seus profissionais.

Com 15 anos de experiência no sector espacial, a CS também trabalha com a NASA, além de estar envolvida em vários projectos europeus, nomeadamente no desenvolvimento do software do satélite do Sentinel-3A que, durante os próximos 7 anos, vai recolher dados sobre a Terra.

SV, ZAP

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