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FMI puxa as orelhas ao Governo e avisa que “bons tempos estão a acabar”

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Tiago Petinga / Lusa

António Costa e Mário Centeno

O Orçamento de Portugal “vai na direcção errada”, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório sobre a Zona Euro, onde deixa também avisos quanto ao preço dos imóveis e a ideia de que “os bons tempos da Europa estão a acabar”.

O relatório do FMI sobre a Zona Euro, que foi publicado esta quinta-feira, alerta o Governo português para a necessidade de exercer um maior controle sobre o Orçamento, face à realidade de “alto endividamento”, com o rácio da dívida pública portuguesa situado acima dos 120% do Produto Interno Bruto.

O Fundo nota que “vários países com dívidas elevadas, incluindo Itália, Portugal e Espanha, continuarão a ajustar-se apenas pouco ou nada este ano”.

“Lamentavelmente, os planos orçamentais nacionais estão a fazer muito pouco ou vão na direcção errada“, lê-se no relatório citado pela Agência Lusa.

O FMI defende que Portugal não se pode desviar da consolidação orçamental, e que deve criar almofadas financeiras, aproveitando os dias de “vacas gordas” e antecipando um abrandamento económico em toda a Zona Euro.

A entidade nota que “se a normalização da política monetária coincidir com a percepção de que países vulneráveis não estão a fazer o suficiente para lidar com os problemas subjacentes, ou se, de facto, pretendem reverter reformas ou implementar políticas que prejudiquem a sustentabilidade da dívida, os prémios de risco poderão, de novo, subir abruptamente com possíveis efeitos de contágio, impondo perdas de valorização aos investidores em toda a zona do euro”.

Esse cenário “poderia forçar a ajustamentos orçamentais acentuados, tornando a situação ainda pior“, alerta o FMI.

Criticando também a Comissão Europeia por ter abrandado a vigilância aos Estados-membro, o FMI avisa também os países com maior potencial financeiro, como Alemanha e Holanda, para a “cautela excessiva” que impede um crescimento económico mais rápido.

Por outro lado, o FMI alerta para o risco de uma “bolha” imobiliária perante o “disparo na valorização dos preços dos imóveis para habitação e comércio” em certos países da Europa, como é o caso de Portugal.

“Bons tempos da Europa estão a acabar”

O FMI estima que a expansão da Zona Euro se mantenha “vigorosa”, mas de forma mais moderada a partir do próximo ano, revendo o crescimento previsto para 2,2%, duas décimas abaixo do que tinha indicado em Abril.

A entidade estima que em 2019, o crescimento da Zona Euro abrande para os 1,9%, e que em 2020, baixe para os 1,7%, e em 2021, recue para os 1,5%.

As estimativas do FMI têm em conta, principalmente, as piores perspectivas para Alemanha, França e Itália.

“O FMI chama à atenção que os bons tempos da Europa estão um pouco a acabar e, quem mais vulnerável estiver, mais vai sofrer, quando a economia estagnar o seu crescimento”, analisa o economista João Duque em declarações à Rádio Renascença.

“O abrandamento da economia, especialmente num Orçamento como o nosso, muito dependente dos impostos indirectos, se abrandar o consumo, o IVA tem um arrefecimento grande e nós ficamos logo muito destapados no Orçamento”, afiança João Duque. “Se em cima disto pusermos um acréscimo do custo da dívida, vamos ficar outra vez com um problema de défice“, avisa ainda.

O FMI, que situou as previsões de crescimento económico mundial em 3,9%, tanto para este ano como para o próximo, diz que a inflação na Zona Euro deve demorar “alguns anos” a convergir com o objectivo do Banco Central Europeu de 2%, mas deve ficar perto deste valor.

O desemprego deverá fixar-se nos 8,4% este ano, baixar para os 8% em 2019, 7,8% em 2020, e 7,6% em 2021.

O FMI considera também que os actuais atritos comerciais dos EUA com vários parceiros, como a União Europeia, são “a maior ameaça a curto prazo para o crescimento mundial”, já que “terão efeitos adversos na confiança, nos preços dos activos e no investimento”.

ZAP // Lusa

15 Comments

  1. Algum dia teria de ser… e à imagem das calmarias anteriores, o que fizemos esbanjar dinheiro pela horda de corruptos que infestam o país.

  2. Bons tempos. Mas quais bons tempos? Houve alguns bons tempos? Eu nunca notei nada. Mas sei, e isso não tenho dúvidas, que podem vir outros (tempos) muito piores que este agora!!!

  3. “O FMI defende que Portugal não se pode desviar da consolidação orçamental, e que deve criar almofadas financeiras, aproveitando os dias de “vacas gordas” e antecipando um abrandamento económico em toda a Zona Euro.”

    Por cá está tudo bem. O Costa diz que está tudo às mil maravilhas… pudera… não vai ser ele a pagar a fatura. E o desgraçado do próximo Passos vai ficar uma vez mais visto como o destruidor quando no fundo é o salvador.
    País de gente burra dá nisto. E vamos continuar a andar nisto. Mesmo assim o povo nas últimas eleições percebeu o que o Passos fez. Tanto que foi o mais votado!
    Mas o Costa, sabido, vendeu a alma ao diabo e o resto já todos conhecem

    • Não podia dizer melhor.

      Só acrescento que olhando para esta frase do FMI percebe-se logo que estão lá todos os ingredientes para mais uma embrulhada em breve:
      que “se a normalização da política monetária coincidir com a percepção de que países vulneráveis não estão a fazer o suficiente para lidar com os problemas subjacentes, ou se, de facto, pretendem reverter reformas ou implementar políticas que prejudiquem a sustentabilidade da dívida, os prémios de risco poderão, de novo, subir abruptamente com possíveis efeitos de contágio”.
      Reverter reformas e implementar más políticas, sim, sim, onde é que já ouvi isto?

    • gostei do seu comentario.
      e tambem a chamada de atençao para o voto popular…. afinal uma maioria reconheceu o esforço do governo passos para levantar o pais da ruina…..o que nao iam adivinhar era que o presidente da republica….fosse o que foi.
      alerta para a proxima eleiçao.
      quanto ao resto …. mais do mesmo do covil do rato agora aliado aos outros coveiros dos paises onde se goveram…..nao fosse o costa o segundo do ali baba…

  4. “O FMI, que situou as previsões de crescimento económico mundial em 3,9%, tanto para este ano como para o próximo, diz que a inflação na Zona Euro deve demorar “alguns anos” a convergir com o objectivo do Banco Central Europeu de 2%, mas deve ficar perto deste valor.

    O desemprego deverá fixar-se nos 8,4% este ano, baixar para os 8% em 2019, 7,8% em 2020, e 7,6% em 2021.”
    E assim vive o mundo, FMI faz PREVISÕES, todo o resto anda a reboque…
    Especulação, direccionada para um determinado fim, ou mesmo profecia, vidência,bruxaria (sarcasmo), mas no fundo, tudo se resume a isto mesmo, especulação económica/assuntos subjectivos, para causar objectividade, direccionada aos mesmos… (sucinto)

  5. S esta notícia fosse sobre bola estava cheia de comentários, como é uma coisa importante e que tem que ver com trabalho, e não com ócio, ninguém sequer deve ler…

  6. Esquerda: Controlar, proibir, taxar. A galinha dos ovos de ouro já a vão matar que era o turismo através do Alojamento Local. Sem pobres eles não têm votos

    • Essa é que é essa. Sem pobres eles não têm votos. Por isso atuam sempre no sentido do quanto pior melhor. Quanto mais pobres mais votos essa cambada recebe. As grandes empresas destruíram-nas e depois berram que não há empregos.

  7. Mau! Afinal o Diabo sempre andará por aí à solta e como de costume lá virão outros também eles vistos como tal terem que resolver a crise porque com cofres vazios não dá para benesses para ninguém.

  8. Quem?
    O FMI?!
    Aquele bando de parasitas incompetentes que não acertam uma e que vivem à custa das desgraças dos outros?!
    Já se sabe o que esses querem…. é continuar a vender o país (países) ao desbarato, para fazer favores aos seus “amigos”!…
    Eles querem lá saber dos países ou dos povos… o que interessa é que eles vivem à grande é à francesa – e o deles é livre de impostos!!

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