Fiscais da EMEL recebem prémios de 300 euros se passarem mais multas

9

Um funcionário da EMEL denuncia uma cultura de caça à multa na empresa e revela que há objetivos semanais no número de coimas aplicadas. Os trabalhadores que passam mais multas recebem prémios no fim do mês que podem chegar aos 300 euros.

De acordo com o Correio da Manhã, há um incentivo à caça à multa dentro da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL). Um funcionário que se manteve anónimo por temer represálias afirma mesmo que “há fiscais que fazem 900 multas por mês”.

No final do mês, o melhor “multador” recebe um prémio adicional ao ordenado que pode chegar até aos 300 euros. “Os fiscais, os coordenadores e os diretores, todos recebem e quem não cumpre com as ordens tem avaliações negativas”, afirma o funcionário da EMEL.

A empresa terá até um objetivo semanal do número de multas e quando as metas são cumpridas, “há chefes que até fazem festas com bolos na empresa, como se fosse um aniversário”. O funcionário acrescenta que a ordem da caça à multa não fica registada em qualquer documento, sendo as instruções dadas aos trabalhadores apenas pessoalmente.

Há ainda denúncias e favorecimentos a membros da família ou amigos dos diretores de fiscalização, que conseguem esquivar-se ao pagamento das multas. “Basta ligar para o diretor ou para o coordenador e ele dá-nos a ordem para retirar a multa ou desbloquear o carro sem qualquer custo e nós temos de cumprir”, revela a fonte anónima.

ZAP //

9 Comments

  1. E lá voltamos nós à conversa palhaça e estúpida da ‘caça à multa’. Caça à multa é coisa que não existe em lado nenhum, porque é impossível inventar coimas para infracções que não existem.
    Meus amigos, não é ‘caça à multa’ se os veículos estão em infração grosseira (ou por não pagarem ou por estarem estacionados indevidamente). A expressão ‘caça à multa’ poderá fazer algum sentido, quando os agentes estão ‘à espreita’ em estradas onde a tendência de exceder o limite de velocidade é grande, mas ainda assim, estarão de facto a ‘exceder o limite’, logo em infracção grave.

    Metam uma coisa na cabeça: o domínio dos pópós no espaço público tem de acabar. Estamos nos anos 20 do séc XXI, não nos anos 70 do séc. XX.

    E só tenho a dizer muito bem de empresas como a EMEL, que contribuem para tornar as cidades mais humanas e vividas por quem não usa veículos motorizados.

    Estes incentivos para passar coimas pecam por poucos e baixos. Deviam ser maiores! E a PSP, GNR, e PM deviam receber também, muito embora seja o trabalho deles e devia ser feito sem necessidade de incentivos, mas este é o país que temos.

    • Eu percebo onde você quer chegar caro Pedro, mas ninguém quer viver num mundo de robots e absolutismos. Pessoalmente prefiro um mundo de senso comum.
      Por exemplo, eu conheço um troço de estrada citadina com 0 acidentes. Porquê 0 acidentes? É um troço curto com uns 300metros, em linha reta e a descer, tem 3 vias, tem excelente visibilidade e iluminação, tem um piso perfeito, não tem vias perpendiculares. O limite é 55km mas como é a descer é fácil os carros irem a 60,70 ou 80 naquele pedaço.
      Acontece que a esquadra da zona, tipo a 2 ou 3 meses, lembra-se e mete lá um radar com os carros patrulha a seguir para multar a malta e numa tarde limpam ali milhares de euros para encher os bolsos.
      A expressão ‘caça à multa’ é utilizada por todos os que têm o infortúnio de ali passar naquela tarde porque o objetivo daqueles agentes não é a segurança rodoviária senão não estavam num local com 0 acidentes em décadas onde é fácil os veículos ultrapassarem o limite durante 5-10 segundos.

      • Eu também não quero viver nesse mundo, Mzito, mas já se percebeu há muito tempo (há umas décadas valentes, ou mesmo séculos) que deixar a gestâo da sociedade para o bom senso ou senso comum, dá invariavelmente merda porque há sempre uns quantos que acham que estão acima das regras ou que são demasiado espertos para terem de as cumprir. Daí inventaram-se coisas como o código da estrada, que no fundo é apenas um conjunto de coisas de ‘bom senso’ agrupadas em forma de lei.

        É muito fácil cumpri-las e não ter chatices, portanto, porquê inventar e fazer asneira?

    • Acha normal uma multa muito grave a 63km/h num sítio de limite 40km devido a sinal de escola quando a escola está encerrada há 15 anos mas o sinal lá permanece? Você anda a pé ou é condutor? Acha normal uma avenida com 3 faixas de rodagem em ambos sentidos,separada por blocos de cimento, melhor que a maioria de autoestradas, com radares em ambos sentidos, com inclinação pronunciada, com limite 50kmh? A segurança é um pretexto o que interessa é €!

      • Mas os guardas da Gnr e políticos e psp são os primeiros a não cumprirem , as regras que estão a fiscalizar, também se aplica a eles.

    • Então porquê o bónus salarial? Cumpram simplesmente o seu trabalho, façam as horas que têm de fazer, e verifiquem os carros que têm de verificar.
      E nada de excecionalismos para os amiguinhos.

  2. O levantamento de um auto não implica necessariamente uma infração. Esse pode ser o entendimento do fiscal/agente, mas há casos em que ele pode estar errado e felizmente será possível contestar.
    Este tipo de prémio leva a solução inventivas e a esquemas que em nada melhoram a segurança rodoviária ou a mobilidade.
    Ao fiscal pede-se que cumpra a sua função e este deve fazê-la de forma ética.
    Já tenho visto veículos bloqueados em estacionamento reservado a residentes, em que o sinal está escondido pela vegetação, em que o condutor utilizou a a aplicação da Emel para fazer o pagamento.
    Teria sido mais fácil e um contributo maior para os moradores se alguém contasse os ramos que escondem o sinal…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.