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Fingir até conseguir. Agente de viagens só trabalha com clientes que ganhem 100 milhões/ano

Sienna Charles

Jaclyn Sienna India

Depois de 5 anos como empregada de mesa, Jaclyn Sienna India fundou uma agência de viagens exclusiva, com experiências únicas, destinada a uma clientela muito, muito restrita. Esperou, sem clientes, o tempo que foi necessário — e diz que o seu segredo é saber que o luxo não é tudo.

Quando em 2008 Jaclyn Sienna India fundou a Sienna Charles, a sua “boutique de concierge de viagens”, propunha-se oferecer as mais exclusivas experiências de viagem e um estilo de vida ultra-luxuoso — a quem o pudesse pagar.

Começou sem clientes, e assim continuou durante bastante tempo, mas estava determinada a manter a sua estratégia de marketing. “Fake it until you make it“, fingir até conseguir.

“O meu marido pensava que eu era a pessoa mais burra do mundo, porque recebíamos telefonemas de pessoas a dizer: ‘Vi o vosso artigo. Adorava ir à Disney‘ ou ‘Queremos ir passar o fim de semana a New Jersey’“, contou à Business Insider.

“E eu dizia: ‘Oh, lamento, estamos tão ocupados, estamos mesmo esgotados esta época com pessoas de elevado património líquido‘. Mas eu não tinha clientes“, confessa a empreendedora.

Dezasseis anos depois, no entanto, fingir valeu a pena.

India conta agora, entre os seus clientes, com vários líderes mundiais, incluindo o antigo Presidente George W. Bush, e celebridades como Mariah Carey.

Os seus serviços estão reservados a clientes que ganhem mais de 100 milhões de dólares por ano, algo como 92 milhões de euros anuais . Por outras palavras, pessoas que já têm tudo.

Então, o que é que India oferece que os seus clientes não conseguem obter por si próprios? “Os meus clientes são muito mais poderosos do que eu, conhecem muita gente”, explica”. “Mas não é isso que faz as coisas acontecerem. É o cuidado. É liderar com o coração“.

Fui empregada de mesa durante cinco anos antes de começar o meu negócio. Percebo o que faz as pessoas vibrarem. E prestar atenção e preocupar-me com essas pessoas é fundamental”, conta a concierge.

A Sienna Charles orgulha-se de ter um “livro negro” com mais de 2000 relações da sua fundadora na indústria de hospitality — incluindo iates, hotéis e restaurantes de luxo.

Esta construção de relações, que permite a India ligar-se a pessoas que trabalham na indústria hoteleira, permitiu-lhe também criar experiências de viagem e gastronómicas únicas para os seus clientes.

“Os meus clientes explicam-me o que querem, porque já o vêem. Só não têm as ferramentas, o tempo, o acesso e a criatividade para o conseguir realizar”, afirma India. “Um dos meus dons tem sido compreender essa visão com apenas algumas palavras e, em seguida, entregar-lhes isso.”

Mas o objetivo da Sienna Charles para os seus clientes não é simplesmente levá-los aos locais mais glamorosos ou exclusivos — é também garantir que a experiência final vale realmente a pena.

“Não acho que o French Laundry, em Napa, seja assim tão excitante“, diz India, referindo-se a um restaurante californiano com três estrelas Michelin. “Por isso, não o vendo“, continuou.

Podemos meter lá alguém? Claro que sim. Mas penso que o que estão a fazer na Single Thread Farms, ao fundo da estrada, é muito mais interessante“, conta India.

Embora sublinhe que o seu objetivo é proporcionar aos seus clientes a melhor experiência individual — e não apenas a mais luxuosa – o que oferece é frequentemente um evento único.

Numa ocasião, organizou um jantar à luz das velas em Versalhes. Noutra ocasião, o seu cliente tomou um brunch no Arco do Triunfo. “Também gostamos de combinar refeições com encontros com grandes personalidades“, explicou India.

Mas, por vezes, o que os seus clientes querem é mais simples.

Quando George W. Bush viajou para a Etiópia, India assegurou-se de que iria encontrar o conforto de casa — manteiga de amendoim e cerveja sem álcool. O antigo presidente foi também recebido por dezenas de crianças com bonés de basebol dos Texas Rangers, de que tinha sido proprietário.

Preocupo-me genuinamente com as pessoas“, explica.

India diz que passa o dia a falar com toda a gente, do motorista de táxi aos empregados dos restaurantes, para encontrar as opções mais interessantes para os seus clientes. “O mundo não é só luxo. O mundo não é só experiências extravagantes. É tudo. E os meus clientes querem experiências autênticas.”

ZAP //

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