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Fim dos pagamentos em numerário pode colocar em risco 1500 postos de trabalho

O presidente da AES-Associação das Empresas de Segurança, Rogério Alves, apontou para a existência de uma “militância bem pensada e bem planeada” para acabar com o numerário, o que levará à exclusão de consumidores e ameaçará o setor do transporte de valores.

“Está-se sempre a fazer uma militância, um combate sem tréguas para atacar o numerário e à boleia da pandemia”, disse Rogério Alves ao Dinheiro Vivo, considerando que “há aqui uma tentação de monopólio”. “Se tiver sucesso este combate ao numerário, as empresas estarão em causa”, sublinhou.

“Se o numerário for afastado, então seguramente as empresas estarão em causa, os postos de trabalho estarão em causa e o bom serviço às pessoas estará em causa”, avisou, frisando que as “pessoas ficarão dependentes do pagamento eletrónico que, pelos vistos, e de acordo com o Banco de Portugal [BdP], continua a ser um meio minoritário. Acabar com o numerário significa o governo de quem cobra comissões”.

A AES agrega as empresas de segurança privada e que prestam serviços de transporte de valores, empregando mais de 1500 trabalhadores e gerando um volume de negócios anual superior a 60 milhões de euros.

O BdP tem incentivado o uso de meios de pagamento eletrónicos, prevendo que em três anos todos os cartões de pagamento disponham da tecnologia ‘contactless’. Atualmente, cerca de 50% do parque de cartões no país têm esta tecnologia.

Segundo Rogério Alves, o numerário continua a ser o meio mais utilizado, correspondente a “cerca de 70% das operações de pagamento em Portugal, segundo” o BdP. “O numerário é” o meio de pagamento “mais utilizado, não é só o mais generalizado, não é só o mais acessível, não é só o mais democrático, é também o mais barato”, indicou ainda.

“Quem não gosta de meios de pagamento baratos, quem não se importa de tirar da circulação meios de pagamento acessíveis e democráticos para pôr os mais caros, que têm a capa da modernidade, faz este combate”, referiu.

“As empresas de transportes de valores controlam, escrutinam, inventariam, acompanham, tratam do dinheiro em conjugação com o BdP. Não é uma roda livre. Isto é um sistema altamente controlado”, frisou. “Nós gostamos tanto da inclusão e aqui parece que há uma luta pela exclusão”, notou igualmente.

Taísa Pagno //

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