Fim dos brasões da Praça do Império provoca coro de críticas

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C.M. Lisboa

Brasões do Jardim da Praça do Império

Brasões do Jardim da Praça do Império

Os vereadores do PSD e CDS-PP vão apresentar esta quarta-feira, em reunião privada da Câmara Municipal de Lisboa, duas propostas alternativas para a renovação da Praça do Império, após a polémica com a retirada dos brasões feitos com arbustos.

O executivo municipal, de maioria socialista, aprecia hoje o relatório final do júri do concurso lançado para renovação do Jardim da Praça do Império, em Belém.

Em declarações à agência Lusa, o vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, referiu que a proposta vencedora “valoriza bastante a história e retoma o projeto inicial do arquiteto Cottineli Telmo“, que continha relva em vez de brasões.

Depois de ter criticado esta solução, o PSD vai apresentar uma proposta alternativa para que “o jardim deve ser recuperado, mantendo os brasões”.

“A praça pode e deve ser requalificada de forma global e integrada, tendo em conta a envolvente monumental, o significado histórico e a importância turística, valorizando o espaço público, encontrando alternativa para o estacionamento, nomeadamente de autocarros e promovendo a circulação pedonal”, refere o texto ao qual a Lusa teve acesso.

O PSD defende ainda que a manutenção do jardim deve passar para a Junta de Freguesia de Belém.

Segundo o vereador José Sá Fernandes, os 30 brasões florais têm um custo de manutenção de 24 mil euros anuais.

O vereador centrista João Gonçalves Pereira afirmou à Lusa que vai apresentar uma proposta alternativa que prevê que sejam encontradas, “em estreita articulação com a Junta de Freguesia de Belém, as soluções que garantam na plenitude a reabilitação, gestão e manutenção daquele espaço emblemático”.

O documento defende também que seja garantida “a recuperação e a preservação da totalidade dos brasões representativos das cidades e províncias do então Portugal continental, insular e ultramarino, da Cruz de Cristo e da Cruz de Avis, realizados em mosaico-cultura nos canteiros envolventes à fonte luminosa, sempre com o integral respeito pelas condicionantes técnico-jurídicas, urbanísticas e ambientais aplicáveis ao local em questão”.

Já “não existem lá brasões nenhuns”

Segundo a informação disponível no site do município, o jardim, que é ladeado pelo Mosteiro dos Jerónimos e pelo Centro Cultural de Belém, foi construído em 1940 por altura da “Exposição do Mundo Português”, evento comemorativo dos 800 anos da Independência de Portugal e dos 300 anos da Restauração da Independência.

Anos mais tarde, no âmbito de outra exposição, foram ali colocadas 30 composições florais em forma de brasão representando as armas das capitais portuguesas e das ex-províncias ultramarinas, dois escudos e um relógio de sol.

Em 2014, em declarações ao Público, o gabinete de Sá Fernandes afirmou que a Câmara tinha tomado a decisão da câmara de acabar com as oito composições florais que reproduziam os brasões dos antigos territórios ultramarinos por considerar que “estão ultrapassados” e que “não faz sentido mantê-los”.

“A Câmara de Lisboa não irá despender recursos financeiros a recuperar os brasões criados pelo Estado Novo das antigas colónias portuguesas e que há muito não existem, nem sequer como arranjos florais no local”, lê-se numa nota da autarquia em agosto de 2014.

Questionado sobre se o projeto prevê a preservação destes elementos, Sá Fernandes referiu que, atualmente, “não existem lá brasões nenhuns”, dada a falta de manutenção dos últimos anos, que os tornou despercebidos face à vegetação.

“Que eu saiba, nenhum dos trabalhos apresentados [a concurso] reproduzia os brasões”, acrescentou o responsável.

Segundo o relatório do concurso, a concretização da ideia vencedora, do ateliê ACB Arquitectura Paisagista, terá um custo de 499.670 euros e demorará seis meses.

A ideia vencedora prevê que apenas sejam mantidos “os brasões em pedra do lago central”.

A polémica em torno do Jardim da Praça do Império surgiu no verão de 2014, com críticas da Junta de Freguesia de Belém, que salientou esta terça-feira que “não admite qualquer solução que não inclua a reabilitação dos brasões que ali existiam e que a Câmara Municipal de Lisboa desprezou”.

ZAP / Lusa

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