A Festa do Avante! começa hoje na Quinta da Atalaia, Seixal, e decorre até domingo, preparada para receber mais 23 mil visitantes do que em 2020, e será o ponto alto das comemorações do centenário do PCP.
A abertura de portas da 45.ª edição está prevista para as 16:00 e, às 19:00, vai ser transmitida nos ecrãs do recinto a mensagem de abertura pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, marcando o início da “rentrée” política dos comunistas.
Serão içadas 100 bandeiras do partido por elementos da Juventude Comunista Portuguesa (JCP).
No domingo, Jerónimo de Sousa sobe ao palco principal, pelas 18:00, para intervir no comício de encerramento, a poucas semanas da reabertura do ano parlamentar e a menos de um mês das eleições autárquicas.
O programa político é composto por mais de 60 debates, entre a retrospetiva e o futuro do PCP, o contexto geopolítico internacional, a luta pelos direitos laborais, pela igualdade e contra as diferentes modalidades de discriminação.
Por outro lado, o PCP não esconde a sua prioridade: as autárquicas. Em ano de eleições locais – e depois de, em 2017, os comunistas terem perdido dez câmaras -, a Festa do Avante! será a rampa de lançamento da campanha eleitoral dos comunistas para mobilizar o partido e recuperar as autarquias perdidas, escreve o Público.
Neste âmbito, o apelo apelo que será reforçado neste fim-de-semana. Depois de perder nove câmaras para o PS (e uma para um independente), o PCP precisa de recuperar a perda de autarquias e recuperar a influência local do partido, sendo que as atenções viram-se para sul do Tejo, por isso, um dos focos dessa mobilização deverá ser Almada.
Há também pressão para manter os resultados de Lisboa, onde o partido volta a candidatar João Ferreira. No entanto, nas eleições presidenciais, o eurodeputado comunista conseguiu apenas 13 mil votos em Lisboa.
Outro dos municípios a ter em atenção será Moura, que o PS venceu em 2017. O líder do Chega será candidato à Assembleia Municipal depois de ter conseguido 30% dos votos nesta localidade nas últimas presidenciais.
Ainda no Alentejo, em Vila Viçosa, o PCP terá de agarrar o resultado de há quatro anos, quando conseguiu ganhar ao PS por uma curta margem.
Esta edição é a segunda em pandemia, mas este ano, graças à situação mais controlada que o país está a viver, a capacidade máxima dentro da Quinta da Atalaia foi aumentada para 40.000, mais 23.000 do que em 2020, para além do regresso dos torneios de futsal.
Contudo, as medidas para mitigar a propagação do SARS-CoV-2 mantêm-se, como, por exemplo, os locais para lavagem e desinfeção das mãos espalhadas pelo recinto, circuitos de circulação, a recomendação da utilização de máscaras, o aumento das áreas de esplanada e a organização de mesas para garantir o distanciamento físico, assim como a definição de lugares sentados nos locais de espetáculos.
No plano musical, a Festa do Avante! também vai ser uma ode à música de Zeca Afonso, em particular, ao 50.º aniversário da edição do álbum “Cantigas do Maio”. Foi lançado um repto a todos os artistas para integrarem no seu espetáculo uma música ou faixa deste disco.
Entre as novidades estão os “duetos improváveis” e entre as duplas contam-se Tim, dos Xutos e Pontapés, com Teresa Salgueiro, antiga vocalista dos Madredeus, ou HMB com Lena D’Água, e A Garota Não com Ohmonizciente.
Na música clássica, a Festa do Avante! vai estrear uma nova versão clássica da autoria do maestro António Vitorino d’Almeida para a “Carvalhesa”, música-hino da festa dos comunistas e das campanhas do PCP.
Originalmente, a “Carvalhesa” foi o hino da campanha para as legislativas de 1985, resultado de um trabalho de pesquisa em que foi escolhida uma música do “Cancioneiro Popular Português, de Michel Giacometti, que foi gravada pelo musicólogo na aldeia de Tuiselo, Vinhais, distrito de Bragança, recorda-se no jornal.
O programa da festa inclui ainda um concerto sinfónico, “A Revolução na Arte e a Arte na Revolução”, comemorativo dos 100 anos do partido, com temas ligados ao centenário da Comuna de Paris, de Hanns Eisler, Beethoven e Lopes Graça.
ZAP // Lusa
Com o PS e os outros partidos a fazer as vontadinhas do povo cego.