“Saltou” de repente para a equipa principal, viveu dias de glória ao lado de Rúben Dias e tudo acabou tão depressa quanto começou. Se não correu bem, foi porque Deus (ou Jesus) não quis.
O futebol tem sido uma estrada algo acidentada para Francisco Ferreira. Aos 12 anos, chegou ao SL Benfica para ficar cerca de uma década e foi presença regular como internacional Sub-17, Sub-18, Sub-19, Sub-20 e Sub-21 por Portugal.
“Saltou” de repente da B para a equipa principal dos encarnados em 2018/19 e conquistou a titularidade ao lado de Rúben Dias, ambos com apenas 22 anos.
Depois de ser campeão, ainda fez 40 jogos na linha defensiva comandada por Bruno lage em 2019/20 e até foi chamado por Fernando Santos à Seleção Nacional, para colmatar o lugar do lesionado Pepe. Tudo parecia estar a correr bem a Ferro, mas a bola deu uma volta de 180º em muito pouco tempo.
O defesa-central partiu para Espanha num empréstimo conturbado ao Valencia, onde participou em apenas três jogos antes de regressar a Lisboa.
Seguiram-se dois empréstimos — o primeiro ao Hajduk Split, onde até se estreou em grande, com um golo, e o segundo aos holandeses do Vitesse, que não convenceu.
Em 2022/23 deu-se finalmente a venda da promessa natural de Oliveira de Azeméis ao Hajduk Split, onde foi — e é — feliz.
No espaço de dois anos, Ferro foi de jogador de Seleção Nacional e titular no Benfica a suplente de um clube que luta pelo campeonato croata, onde hoje, com 27 anos, soma pouco tempo de jogo.
Agora, recorda a passagem pelo clube da Luz para explicar o que aconteceu.
Pandemia, “mister Jorge” e uma ‘boca’ ao Benfica
Para o central, “há vários fatores” que explicam o afastamento repentino da equipa encarnada. A pandemia foi um deles.
“As exibições começaram a ficar piores a nível pessoal depois da pandemia”, confessa em entrevista ao jornal Record: “pode ter sido por esse tempo que não treinámos, a forma física não foi a melhor quando regressei.”
Mas uma das grandes razões que levaram à saída, além de “algumas lesões”, está hoje na Arábia Saudita.
“Também houve a mudança de treinador: o mister Jorge Jesus nunca apostou muito em mim. Faz parte”, diz Ferro.
O jogador já tinha admitido, em entrevista de abril ao mesmo jornal, que “nunca foi sequer terceira opção” do atual treinador do Al-Hilal e que “esperava fazer a pré-época” com Roger Schmidt antes de ser dispensado por Jesus.
E dentro do Benfica, remata: faltou consideração.
Não faltou apoio, sublinha, mas “um pouco mais de consideração sim. Passei muitos anos lá e penso que ninguém no clube tem algo para me apontar. Uma palavra de consideração ficava bem a todos, mas não guardo rancor a ninguém”, atirou.
O central, que “não gosta de apontar nomes”, deixa o recado: “se as pessoas acharem que estou a falar delas é porque ‘está a bater’ alguma coisa.”
Hoje, na Croácia, diz sentir-se em casa e não quer olhar para o passado, mas sim para o futuro.
“Estou muito feliz como estou neste momento. Não vale a pena estarmos a olhar para o passado e pensar ‘e se’ porque não aconteceu: foi “ou por minha culpa ou porque Deus não quis”, recorda.
E garante: “Serei sempre benfiquista, sempre, sempre, sempre.”