O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, deu esta quinta-feira posse à comissão de revisão constitucional por três meses (90 dias), desejando “votos de muito bom trabalho”, na sala do Senado do Palácio de São Bento.
Esta Comissão Eventual de Revisão Constitucional, despoletada em outubro pelo líder e deputado único do Chega, André Ventura, mas cujo processo fora suspenso devido ao estado de emergência por causa da pandemia de covid-19.
Em análise iam estar projetos de alteração ao Texto Fundamental daquele partido e do Iniciativa Liberal, representada também por deputado único, o seu presidente Cotrim Figueiredo.
Porém, a Iniciativa Liberal decidiu nesta quinta-feira retirar o seu projeto de revisão constitucional, considerando “mais sério” que as suas propostas sejam discutidas num novo processo, “num futuro próximo” e que será “mais abrangente” e permitirá “uma discussão mais aprofundada”.
“O processo de revisão constitucional aberto no ano passado ficou suspenso durante o estado de emergência. Durante esse período ficou claro que a maioria parlamentar não iria dar relevância ao presente processo”, justificam os liberais à agência Lusa.
Assim, fica apenas em discussão o projeto de revisão constitucional do Chega.
De acordo com João Cotrim Figueiredo, “tendo sido pública uma disponibilidade para a abertura, num futuro próximo, de um novo processo de revisão constitucional mais abrangente”, os liberais acreditam que “esta permitirá uma discussão mais aprofundada sobre os melhoramentos que são necessários na atual Constituição”
“É politicamente mais sério que seja nesse processo que a IL apresente a integralidade das suas propostas, que visam adaptar a nossa Constituição ao século em que vivemos”, defendem.
A IL afirma ainda que esta atitude demonstra que “está na Assembleia da República para defender o liberalismo, dar cumprimento ao seu programa eleitoral, participando no processo legislativo, de forma séria e motivada”. “Esperemos que todos tenham a mesma atitude”, desafiou.
Os liberais pretendiam eliminar a expressão “de abrir caminho para uma sociedade socialista” do Preâmbulo e alterar os artigos 57.º, 59.º, 64.º e 75.º, respetivamente sobre Direito à Greve e Proibição de “Lock-Out”, Direitos dos Trabalhadores, Saúde e Ensino público, particular e cooperativo.
Já o Chega, entre as 17 alterações apresentadas, propõe que só “indivíduos portadores de nacionalidade portuguesa originária” possam ser primeiro-ministro ou ministro de Estado e a “introdução de pena acessória de castração química para pedófilos e violadores reincidentes”.
Ventura quer ainda que o princípio da presunção de inocência não se aplique aos casos de enriquecimento injustificado, “abrindo assim a porta a que o legislador possa criminalizar este comportamento, quer através de ocultação de riqueza, quer com o aumento injustificado de património”, uma iniciativa complementar à alteração ao Código Penal, já proposta, de endurecimento das penas para prevaricadores no desempenho de cargos públicos.
O vice-presidente da bancada socialista Delgado Alves já liderou os trabalhos, após a tomada de posse, tendo a seu lado Catarina Rocha Ferreira (PSD) e José Luís Ferreira, líder parlamentar do partido Os Verdes, limitando-se a solicitar aos vários grupos parlamentares a sugestão de uma data, na próxima semana, para uma reunião da Mesa e coordenadores.
Entre os outros deputados efetivos, além da cúpula que vai dirigir os trabalhos, encontram-se: os socialistas Isabel Moreira, José Magalhães, Cláudia Santos, Neto Brandão, Isabel Oneto, Susana Amador, Constança Urbano de Sousa, Jorge Lacão e Bacelar de Vasconcelos e os sociais-democratas André Coelho Lima, Carlos Peixoto, Luís Marques Guedes, Márcia Passos, Mónica Quintela, Sandra Pereira e Sara Madruga da Costa.
O vice-presidente do parlamento José Manuel Pureza e o bloquista Fabian Figueiredo, o também vice da Assembleia da República e comunista, António Filipe, o líder da bancada democrata-cristã, Telmo Correia e a presidente do grupo parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, são os restantes deputados escolhidos pelas respetivas forças políticas, assim como Ventura, Cotrim Figueiredo e as não-inscritas Joacine Moreira (ex-Livre) e Cristina Rodrigues (ex-PAN).
Suplentes pelo PS são: Joana Sá Pereira, José Luís Carneiro, Isabel Rodrigues, Carlos Pereira, Elza Pais, Francisco Oliveira, Jamila Madeira, Rita Madeira, Romualda Fernandes e Nuno Sá. Pelo PSD contam-se: Artur Andrade, Emília Cerqueira, Hugo Carneiro, Cancela de Moura, Lina Lopes, Nuno André Neves, Rios de Oliveira e Sofia Matos.
As bloquistas Beatriz Dias e Fabíola Cardoso (BE), Alma Rivera (PCP), João Almeida (CDS-PP), Bebiana Cunha (PAN) e Mariana Silva (PEV) completam o elenco.
Eventuais alterações à Constituição têm de ser aprovadas por maioria qualificada de dois terços dos 230 deputados e o Presidente da República não pode recusar a sua promulgação.
Desde que foi aprovada, em 2 de abril de 1976, o Texto Fundamental já foi revisto sete vezes até 2005, tendo-se iniciado um novo processo de revisão ordinário em outubro de 2010, mas que não seria concluído, devido à dissolução do parlamento em abril do ano seguinte.
ZAP // Lusa
Senhor Ferro Rodrigues va de ferias, gose a reforma…. as mudancas na constituicao compete exclusivamente as novas geracoes porque o futuro e deles. Com todo respeito pelos mais velhos ja e tempo de dar lugar a outra pessoas porque a muitos desempregados e com boa formacao e disponiveis para fazem melhor. Uma revisao constitucional agora nao resolve nada… voces nao sao capazes nem teem coragem de criar leis serias para pais…entao tenham do dos vossos familiares e do povo e se tocaram nas leis facam alguma coisa util e nao mais limitacoes, penalizacoes que nao resultam e so atrapalha a compreesao e criacao de justica…. facam um favor nao complem mais…. estamos todos cancados e fartos…