Direção-Geral da Saúde (DGS) vai rever a circular informativa relativa à droga que já cria dependência em Portugal, depois de matar 75 mil num ano nos EUA. É vendida nas farmácias e não há qualquer sistema de controlo de prescrição.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) vai rever a circular relativa ao uso de medicamentos opioides fortes na dor crónica não oncológica, anunciou a instituição, no dia em que foi noticiado que já há em Portugal casos de dependência de fentanil.
O jornal Expresso noticiou esta sexta-feira que 12 pessoas já pediram ajuda em Portugal para serem tratadas por dependência de fentanil — um analgésico opioide altamente viciante e que está a causar uma “epidemia” de mortes por overdose nos EUA.
Os números explicam a preocupação: 75 mil mortos só em 2022. É a droga mais vendida nas ruas do país norte-americano.
Por cá, o fentanil só é vendido em farmácias — mas já assusta.
É o quarto analgésico opioide mais vendido no país e já começou a originar dependência: mais de 300 mil embalagens ao longo de 2022 — e o número deve ser muito maior quando forem publicados os dados do ano passado.
Em Portugal, não há qualquer sistema de controlo de prescrição de fentanil, e há 16 anos que a DGS não emite qualquer recomendação sobre este assunto.
Mesmo na altura, em 2008, a DGS não dava importância aos riscos associados, já que não havia evidência científica suficiente para deixar qualquer alerta, mas já recomendava que o fentanil só deveria ser receitado em último recurso “e sempre com monitorização apertada” – dois avisos que podem não estar a ser seguidos.
Contactada pela Lusa sobre a circular em vigor – que é de 2008 e diz que apesar de não haver dados suficientes “parecem não se confirmar os receios de tolerância e da adição induzidos por estes medicamentos” – a DGS respondeu: “Tendo por referência os dados epidemiológicos e evidencia científica disponíveis (…) vai rever a circular informativa”.
Altamente viciante
O fentanil é administrado sob a forma de adesivos ou comprimidos (ou injectável nos hospitais) que tem efeitos mais rápidos do que outros tratamentos e, por isso, é muito usado para dores intensas, agudas ou crónicas.
Os doentes começam a tomar fentanil, prescrito pelos médicos, sobretudo médicos de família; mas depois ficam dependentes (é altamente viciante) e precisam de ajuda para largar o vício.
E o seu consumo é mais perigoso porque é mais ténue a diferença entre a dose recomendada e uma dose mortal.
ZAP // Lusa