Está a haver um “aumento dramático” de overdoses nos EUA, devido à combinação descontrolada de fentanil e estimulantes.
Nos Estados Unidos, a crise dos opióides – substâncias, naturais ou sintéticas, que possuem propriedades e efeitos semelhantes aos do ópio – tem feito soar os alarmes.
Entre 2010 e 2021, a quantidade de mortes por overdose que envolveram a mistura de fentanil e estimulantes teve um aumento superior a 50 vezes.
Tem-se assistido, desde o final do século passado, a um aumento contínuo nas mortes por overdose nos EUA.
Inicialmente, essa tendência estava centrada na disseminação de opióides prescritos e ilícitos, como, por exemplo, a heroína.
Num passado mais recente, o fentanil – um narcótico sintético potente – emergiu como um dos grandes problemas desta crise.
106 mil mortes em 2021
Uma investigação, conduzida por Chelsea Shover, da Universidade da Califórnia, revelou que, em 2021 (ano em que a investigação foi concluída), quase um terço das mortes por overdose estava ligado à combinação de fentanil com um estimulante, como cocaína ou metanfetamina. Foram 106 mil mortes.
Este número representa um aumento de mais de 50 vezes em relação a 2010 (ano em que a investigação teve início), onde apenas menos de 1% das mortes foram atribuídas a esta combinação de drogas.
Há dois evento capazes de explicar este aumento: primeiro, os consumidores de drogas usam estimulantes para contrariar os efeitos sedativos do fentanil; depois, os traficantes estão a adicionar fentanil (que é mais barato) aos estimulantes que vendem, aumentando inadvertidamente o risco de overdose para os consumidores.
A situação torna-se ainda mais preocupante quando se considera que os medicamentos que revertem overdoses não estão a ter eficácia contra estimulantes.
Para combater o problema, um grupo de cientistas norte-americanos está a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina multivalente.
O imunizante deverá ajudar indivíduos com risco elevado de overdose (e morte) associado ao uso dessas substâncias sintéticas.
Chelsea Shover defende que é fundamental ampliar o acesso a tratamentos para distúrbios relacionados ao uso de estimulantes e narcóticos.
“A implicação destas descobertas, em termos de prevenção de overdose, passa por melhorar as opções e o acesso ao tratamento para distúrbios de uso de estimulantes e também de opióides,” considerou Chelsea Shover, citada pelo New Scientist.
Apenas 40% das clínicas de tratamento nos EUA em 2017 ofereciam tratamento assistido por medicamentos, uma solução eficaz e reconhecida.