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“Fauci chinês” está a ser acusado de plágio

Paulo Novais / Lusa

O médico chinês Zhang Wenhong questiona a estratégia “tolerância zero” do país, que está a impactar o rendimento e vida de milhões de pessoas.

Uma das principais universidades da China está a reavaliar a tese de doutoramento de um nome conhecido na luta contra a pandemia de covid-19, depois de terem surgido acusações de plágio na Internet.

No domingo, a Universidade Fudan de Xangai disse que estava ciente da preocupação e iniciou uma investigação sobre o diploma concedido, em 2000, a Zhang Wenhong, frequentemente apelidado de “Dr. Fauci da China”.

Zhang é o diretor do departamento de doenças infecciosas do Hospital Huashan e membro do painel de supervisão do tratamento para a covid-19 de Xangai.

Segundo o South China Morning Post, o especialista ganhou reputação pelas suas discussões realistas sobre o SARS-CoV-2 e foi criticado nas últimas semanas por sugerir que os países terão que encontrar uma maneira de viver com a covid-19, uma ideia que vai contra a estratégia de “tolerância zero” da China.

O médico apontou que esta nova vaga, da variante Delta do vírus, sugere que a estratégia da China vai ter que mudar, já que a doença não vai desaparecer. “O mundo precisa de aprender a coexistir com o vírus”, escreveu Zhang, que tem três milhões de seguidores na rede social Weibo.

O comentário provocou um aceso debate no país asiático.

Nas redes sociais, Zhang foi acusado de “transmitir ideias estrangeiras”, enquanto outros tentaram desacreditá-lo, levantando a suspeita de que plagiou a sua tese.

A China reivindica ter contido, em grande parte, a propagação da doença no seu território, desde a primavera de 2020, através de restritas medidas de confinamento, uso de aplicações móveis e quarentenas obrigatórias para quem chega do exterior.

Numa altura em que vários países reabrem e retomam o tráfego internacional, a China voltou, no entanto, a impor restritas medidas de prevenção, que implicaram o isolamento de uma cidade e outras medidas de confinamento, apesar de grande parte da população ter sido já vacinada contra o vírus.

Esta estratégia de “tolerância zero” está a ter um impacto no rendimento e vida de milhões de pessoas, levando os especialistas a alertar que a China vai ter que aprender a controlar o vírus sem fechar repetidamente a economia e a sociedade.

As acusações contra Zhang surgiram no sábado, quando um utilizador da plataforma Weibo alegou que a secção de revisão da tese de doutoramento de Zhang sobre mutações no gene da bactéria da tuberculose era semelhante à de outro artigo do professor Huang Hainan, do Instituto de Tecnologia de Qilu.

O artigo de Zhang, de 95 páginas, tem cerca de 70.000 palavras, sendo que 3.300 foram “plagiadas”, acusam os internautas.

Citado pelo SCMP, o professor Yan Feng, do departamento de Literatura Chinesa da Universidade Fudan, argumentou que os utilizadores que acusam o especialista confundiram deliberadamente uma revisão e o corpo principal da pesquisa e não tiveram em consideração as diferenças entre as normas académicas de há 20 anos e as de hoje.

ZAP // Lusa

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