Após a desilusão de Salónica, que ditou um adeus precoce dos milhões da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Benfica goleou na noite desta sexta-feira o Famalicão por 5-1, numa espécie de redenção.
Neste primeiro desafio da edição 2020/21 do campeonato, os golos foram apontados por Luca Waldschmidt, que bisou, Everton Cebolinha, Grimaldo e Rafa. Guga assinou o tento solitário dos nortenhos.
O jogo explicado em números
- No “onze” da equipa da casa, realce para a entrada de seis reforços: Zlobin, Babic, Calvin Verdonk, Bruno Jordão, Jorge Pereira e Fernando Valenzuela.
- Do lado “encarnado”, Jorge Jesus riscou quatro nomes relativamente ao desaire em Salónica. Weigl, Pizzi, Pedrinho e Seferovic foram substituídos por Gabriel, Rafa Silva, Luca Waldschmidt e Darwin Núñez.
- Aos sete minutos, após um livre cobrado por Taarabt, Darwin surgiu solto na área, mas cabeceou por cima, naquele que foi o primeiro remate – desenquadrado – do encontro. No ataque seguinte, Waldschmidt acelerou, tirou vários adversários do caminho e pecando apenas no momento da finalização. Nesta fase, os anfitriões tinham mais posse de bola (54% e uma eficácia de 66% no passe), mas esse dado não impedia que as “águias” estivessem no comando das operações.
- À terceira tentativa, os visitantes acertaram no alvo. O lance começou em Darwin, a bola tocou em Riccieli e chegou aos pés de Luca Waldschmidt, que picou a bola sobre Zlobin, inaugurou o marcador aos 19 minutos e assinou o primeiro golo da edição 2020/21 do campeonato.
- Na resposta, quase imediata, Guga lançou um míssil que foi travado por uma enorme intervenção de Vlachodimos. Como quem não marca, sofre. Everton, o “Cebolinha”, numa diagonal da esquerda para a zona central, atirou de forma colocada e forte e dilatou o “score” para 2-0 aos 21 minutos após assistência de André Almeida.
- Sem colocar o pé no travão, o Benfica continuou a acercar-se da baliza contrária. Primeiro, Rafa falhou por centímetros o terceiro tento e instantes depois, Darwin atirou às malhas laterais. Aos 27 minutos, dos oito remates do jogo, seis foram das “águias” e dois do “Fama”. Com uma pressão alta a campo inteiro bem orquestrada, os lisboetas conseguiam condicionar grande parte das acções contrárias, imprimindo, ao mesmo tempo, uma forte dinâmica na partida.
- Na sequência de um livre directo, que surgiu depois de Taarabt ter sido travado em falta por Carlos Valenzuela, Grimaldo foi letal e de forma irrepreensível aumentou a vantagem dos homens de JJ para 3-0. Dos nove remates da equipa, três levaram a direcção da baliza e todos esses redundaram em golo.
- À nota artística que conseguiu ter em vários lances, o Benfica juntou a eficácia que não teve no desaire ante o PAOK na passada terça-feira.
- Defesa subida, pressão alta e asfixiante e explorando a velocidade e constante troca de posição dos quatro homens da frente, foi bloqueando as boas intenções do Famalicão – que procurou sempre sair a construir desde a zona mais recuada e que só ameaçou marcar aos 20 minutos por intermédio de Guga.
- Ao descanso, Adel Taarabt tinha um GoalPoint Rating de 7.5 e era o melhor elemento em cena. Intenso na transição defensiva e na reacção pós-perda, umas das lacunas da equipa ao longo das últimas temporadas, conseguiu cinco recuperações de posse, o mesmo número que Grimaldo, 33 acções com a bola, bloqueou dois remates do adversário, sofreu duas faltas, e ainda teve gás para gizar dois passes para finalização e acertar 19 dos 21 passes que tentou.
- Além do marroquino, Éverton 7.3 e Grimaldo 6.7 eram outros dos destaques.
- Patrick William, que entrou ao intervalo, ficou próximo de reduzir a desvantagem famalicense, porém, foram os vice-campeões nacionais a acertar nas redes. Entendimento entre os alas Éverton e Rafa, o brasileiro fez a assistência e o português não teve cerimónias e apontou o 4-0 com um remate colocado.
- Zlobin foi veloz e defendeu o cabeceamento de Waldschmidt ao minuto 58. Nem com as alterações feitas por João Pedro Sousa o Famalicão conseguiu criar perigo. Num contra-ataque perfeito, que começou num corte de André Almeida e que foi lançado pela precisão de Taarabt, Darwin combinou com Waldschmidt e viu o alemão corresponder da melhor forma a um centro forte e rasteiro. Estava feito o 5-0 aos 66 minutos.
- Num duelo frenético, houve mais um golo. Rúben Lameiras foi mais forte e veloz do que Grimaldo, centrou rasteiro e Guga, entre Gabriel e Verthongen, atirou a contar e reduziu a desvantagem dos donos da casa. O médio, que foi formado no Seixal, voltou a fazer o gosto ao pé, repetindo o que tinha feito na época passada.
- Aos 87 minutos ouvia-se Jorge Jesus, faminto por mais, a gritar: “vamos lá fazer mais golos”. E não foi por falta de tentativas que a equipa da Luz não apontou mais. Foram diversas as ocasiões desperdiçadas, quase todas com génese no corredor esquerdo, que ganhou nova acutilância com a entrada assertiva de Nuno Tavares. O jovem lateral-esquerdo, que substituiu Grimaldo aos 72 minutos, surgiu afoito e alimentou uma série de lances, contabilizando, ainda, 26 toques na bola, 13 passes, uma falta sofrida e uma situação de golo criada. Já em período de descontos, Lameiras viu uma bomba por ele lançada embater com estrondo num dos ferros da baliza defendida por Vlachodimos.
- Após a “tragédia grega”, o Benfica surgiu revigorado em Vila Nova de Famalicão. Mais pressionante, organizado, acutilante e imprimindo muita verticalidade na maioria das acções atacantes e agressividade quando era necessário defender e roubar espaços ao adversário, conseguindo um resultado que não deixa margem para dúvidas e que poderá servir de barómetro nesta nova era com Jorge Jesus de volta ao leme. Do lado do Fama, ficaram apenas as boas intenções de uma equipa que iniciou o duelo com seis novidades relativamente à temporada transacta e que apenas deu o ar da sua graça com as incursões de Lameiras.
O melhor em campo GoalPoint
No dia em que soube que voltou a ser convocado pelo seleccionador do Brasil, Tite, Everton fez jus à alcunha e deixou os adversários a chorar de desespero e os adeptos do Benfica a sorrir de alegria. Sempre em alta rotação, foi um autêntico quebra-cabeças, demonstrando parte dos argumentos que levaram a equipa a gastar muitos milhões na sua contratação junto do Grémio de Porto Alegre. Dizem os dados estatísticos que marcou no único remate que fez, realizou três passes para finalização, três passes longos e cinco progressivos eficazes. Não obstante ter acertado “apenas” seis das 14 tentativas de drible, foi importante na pressão que a equipa exerceu recuperando a bola em dez ocasiões, com dois desarmes e uma intercepção para apresentar. Por tudo isto, foi o MVP do jogo com um GoalPoint Rating de 8.3.
Jogadores em foco
- Adel Taarabt 7.5 – Desta feita, o depósito do marroquino durou os 90 minutos. Excelente exibição do camisola 49, que foi um “carregador de piano” nas missões defensivas – oito recuperações, três desarmes, dois passes bloqueados e três faltas sofridas – e “mágico” e certeiro com o esférico nos pés, criando uma situação flagrante de golo, dois passes de ruptura, sete progressivos certos, quatro dribles acertados em seis tentativas e uma eficácia de 96% nas entregas (em 51 passes falhou apenas dois).
- Luca Waldschmidt 7.1 – O alemão aguçou o apetite. Foi titular e deixou parte do imenso potencial que tem. O internacional alemão actuou na zona entrelinhas que ficou órfã desde que João Félix foi resgatado pelo Atlético de Madrid. A jogar em um/dois toques, demonstrou um entendimento assinalável com Darwin, fazendo várias diagonais e surgindo em zonas de finalização. Apontou dois golos, com um Expected Goals (xG) de 1,5, fez quatro remates, três dos quais enquadrados e somou 25 acções com a bola.
- Álex Grimaldo 7.0 – Actuou durante 71 minutos e esteve em bom plano, apoiando a equipa – de salientar o entendimento com Éverton – e até fazendo o gosto ao pé num golaço de livre. A única mancha foi a forma como foi batido por Rúben Lameiras na jogada do único golo do “Fama”.
- Rafa Silva 6.9 – Uma das novidades do “onze”. Sempre a mostrar-se ao jogo e a dar linhas de passe aos colegas, marcou, no único remate da sua autoria, ajudou a defender com três recuperações de posse, duas intercepções e dois alívios. Foi substituído por Pizzi aos 59 minutos.
- Nuno Tavares 6.6 – Em apenas 19 minutos, conseguiu ser um dos melhores jogadores em campo: criou um passe para finalização, fez dois passes progressivos certos, não falhou nenhum dos cinco dribles tentados.
- Rúben Lameiras 5.9 – O melhor jogador da equipa de João Pedro Sousa. Viu o único remate que fez embater no ferro, realizou a assistência para o golo de Guga, somou 44 acções com bola e dos seis dribles tentados, assinou quatro com êxito.
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