Faltam dois a três mil trabalhadores na indústria do calçado. A solução das empresas pode passar por contratar imigrantes da América Latina e das ex-colónias portuguesas.
Os efeitos da pandemia fizeram-se sentir severamente na indústria do calçado, que sofreu uma forte quebra no consumo. Em 2020, por exemplo, foram vendidos menos 16 milhões de pares de sapatos em Portugal, comparativamente com o ano transato.
Os dados da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) mostram que, entre 2019 e 2021, 158 empresas fecharam portas e 4.078 trabalhadores perderam o seu emprego.
Ao Diário de Notícias, João Maia, diretor-geral da APICCAPS, admite que, durante a pandemia, “fecharam muitas pequenas unidades de corte e costura, e que agora dificilmente irão reabrir”.
A importação de partes do calçado de outros países, como Índia e Marrocos, tem sido uma das soluções adotadas.
“Não podemos fechar a porta a nenhum tipo de negócio neste momento”, salienta João Maia. O responsável da APICCAPS reforça a intenção de apostar em mercados alternativos, embora centrando sempre a produção em Portugal.
E que mercados são estes? João Maia diz que podem ser os países do norte de África ou, seguir o exemplo de Itália, e apostar nos países do Báltico. As colónias portuguesas ou a América do Sul também são opções, assim como Indonésia, Bangladesh, Índia ou Vietname, na Ásia.
À margem da MICAM, a maior feira de calçado do mundo que terminou esta terça-feira em Milão, João Maia diz ainda que faltam duas a três mil pessoas na indústria do calçado.
A contratação de imigrantes para as fábricas portuguesas é uma aposta da APICCAPS. A aposta será em países da América Latina ou de ex-colónias portuguesas.
A digitalização e a aposta crescente na Indústria 4.0 também acabará por ajudar a colmatar a falta de mão-de-obra, explica o diretor-geral da APICCAPS ao DN.
Se a oposta são emigrantes da “América Latina ou de ex-colónias portuguesas”, desconfio que o problema não vai ser resolvido…