Num dia que irá ficar marcado por mais uma reunião do Conselho de Ministros, surgem várias questões que preocupam não só a população em geral, como os especialistas. Entre as dúvidas está o processo de desconfinamento e a garantia de adesão ao distanciamento social.
Em declarações ao jornal Público, Paulo Santos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, destaca a incoerência do Governo e afirma que “temos de acabar de vez com este folclore sobre se vamos confinar, reconfinar ou desconfinar”.
O investigador defende que o Governo tem de lançar “uma campanha maciça, muito clara, rigorosa e transparente, que dê às pessoas ferramentas para poderem orientar a sua vida”.
Esta visão é partilhada por Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise para a covid-19 da Ordem dos Médicos, que considera que o Executivo deveria agilizar uma campanha “capaz de garantir a adesão da população às medidas de controlo e prevenção”, alertando que “as pessoas estão confusas” e devem ser “educadas”, mas não “assustadas”.
Numa altura em que a vacinação ainda está longe de garantir a imunidade de grupo, ambos os especialistas concordam que as regras de distanciamento social são para manter.
Ainda assim, Paulo Santos e Filipe Froes divergem quanto às medidas de confinamento ou de recolher obrigatório. O primeiro acredita que o número de casos e internamentos é “gerível” e que como tal não há necessidade de as autoridades alarmarem a população com um possível novo estado de emergência.
Já Filipe Froes admite que pode fazer sentido alargar o recolher obrigatório a todo o país durante algum tempo mais, pois considera que as pessoas ainda “estão confusas e reticentes porque o Governo está a falhar na comunicação e na coerência das medidas”.
“Temos inúmeros discursos contraditórios e temos falta de coerência na aplicação de critérios, nomeadamente dos critérios de isolamento”, aponta.
A alteração da matriz de risco é outra das medidas que estes especialistas gostariam de ver anunciadas após o Conselho de Ministros. “A atual matriz de risco já demonstrou a sua insuficiência e a sua incapacidade em fundamentar decisões”, considera Filipe Froes.
Por sua vez, Paulo Santos diz que esta “tem decididamente que ser alterada para incluir os fatores preventivos, nomeadamente a vacinação, e para incluir aquilo que são os fatores de severidade, nomeadamente o número de doentes internados e de mortes”.
Por aqui se demonstra que este (des)governo parece mesmo um catavento…