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Em 1977, Exxon sabia do aquecimento global… e não avisou ninguém

Empresa elaborou documentos científicos com “capacidade e precisão impressionantes”. Mas a sua administração decidiu manter segredo.

Tal como no caso do aeroporto de Lisboa (mantendo as devidas distâncias), em 1977 já se falava sobre o aquecimento global.

Um assunto tão repetido nos dias que correm – tal como o aeroporto lisboeta.

A diferença é que, em 1977, os primeiros documentos sobre o aquecimento global foram mantidos em segredo.

A revelação surge num estudo publicado na revista Science, nesta quinta-feira: a Exxon já previa o aquecimento global há 46 anos.

A empresa petrolífera andou a elaborar estudos sobre o assunto durante 26 anos. Mais concretamente entre 1977 e 2003.

Durante esse período “os cientistas da Exxon modelaram e previram o aquecimento global com uma capacidade e precisão impressionantes“, segundo uma autora do estudo, Naomi Oreskes.

Mas a sua administração decidiu não revelar as suas conclusões a ninguém. A empresa “passou décadas a negar essa descoberta”.

Refira-se que a Exxon passou a ser ExxonMobil em 1999, quando comprou a Mobil.

A CNN detalha que, desde cedo, os investigadores ligados à Exxon avisaram que a temperatura global do planeta iria subir 0,2.ºC em cada 10 anos.

São estimativas antigas que coincidem com as mais recentes: há previsões consensuais que apontam para um aumento de 0,19.ºC em cada década.

O estudo divulgado agora confirma as notícias que circularam há oito anos, que sugeriam exactamente isto: a empresa tinha dados concretos sobre o aquecimento global mas preferiu manter segredo.

Sendo uma empresa petrolífera, a Exxon começou cedo a estudar o impacto causado pelos combustíveis fósseis nas alterações climáticas.

Mas esta é a “primeira avaliação quantitativa e sistemática das projeções climáticas da indústria dos combustíveis fósseis”, disse Naomi Oreskes.

E outras empresas ligadas a combustíveis fósseis terão feito o mesmo: “Temos provas de que todas as empresas de combustíveis fósseis estavam cientes da ameaça dos gases de efeito estufa produzidos pelo uso normal dos seus produtos desde os anos 1970 e até mesmo os anos 1960″.

“Também temos provas de que outros sectores relacionados aos combustíveis fósseis – como os fabricantes de automóveis – já estavam conscientes do problema desde a década de 1960. E sabemos que outras empresas financiaram investigações académicas sobre o assunto, em universidades importantes como a Columbia, em Nova Iorque, nas décadas de 1970 e 1980″, anunciou a responsável pela análise.

ZAP //

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