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Extrema-direita e antifascistas em confrontos violentos nas ruas de Charlottesville

O governador do estado norte-americano da Virginia, Terry McAuliffe, decretou o estado de emergência, após violentos confrontos entre ultranacionalistas de supremacia branca e grupos antifacistas na cidade de Charlosttesville. Há já três mortos a lamentar.

Na sequência de protestos realizados este sábado de manhã, a chamada União da Direita entrou em confrontos com grupos antifacistas. Na sexta-feira à noite tinham já ocorrido confrontos quando centenas de brancos nacionalistas marcharam com tochas no ‘campus’ da Universidade da Virginia.

Tropas de intervenção e a polícia de choque foram usadas para tentar conter os violentos confrontos entre os grupos opostos.

O governador da Virginia, Terry McAuliffe, declarou o estado de emergência em resposta aos confrontos e, através da sua conta na rede social Twitter, disse que tomou esta decisão para “ajudar o Estado a responder à violência” na marcha de Charlottesville, a cerca de 160 quilómetros de Washington.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou no Twitter a violência entre os manifestantes, comentando que “todos nós devemos estar unidos e condenar tudo o que representa o ódio. Não há lugar para esse tipo de violência na América. Vamos juntos como um só!”.

Já na tarde deste sábado, um carro atingiu várias pessoas que se manifestavam pelo pluralismo racial no centro da cidade norte-americana, provocando uma morte e ferimentos em 19 pessoas.  O condutor foi detido.

“Estou devastado porque uma vida foi perdida aqui. Peço a todas as pessoas de boa vontade que se dirijam para casa”, escreveu Mike Signer, presidente da Câmara Municipal da cidade norte-americana, numa mensagem publicada no Twitter.

Num vídeo amador divulgado nas redes sociais, é possível ver um carro de cor escura que embate de forma violenta na parte traseira de um outro veículo e faz depois uma manobra em sentido inverso contra as pessoas. Outras imagens mostram feridos deitados no chão.

Segundo relatou um repórter da agência noticiosa americana Associated Press, pelo menos uma pessoa deitada no chão esteva a receber assistência médica imediatamente após o incidente, que ocorreu cerca de duas horas após os confrontos violentos que envolveram este sábado.

Segundo avançou entretanto a Associated Press, há mais dois mortos a lamentar, na sequência da queda de um helicóptero, num acidente que as autoridades dizem estar ligado aos protestos deste sábado, apesar de não ser ainda claro como tudo aconteceu. Corinne Geller, porta-voz da polícia, confirmou a morte do piloto e do passageiro.

Ódio com 150 anos

O enfrentamento começou durante os protestos de sexta-feira, convocados pelo bloguer  Jason Kessler, ligado à organização de supremacia branca União de Direita, para protestaar contra uma decisão da Câmara Municipal local de remover uma estátua do general confederado Robert E. Lee, um dos símbolos dos separatistas Confederados.

Durante a Guerra Civil americana, entre 1861 e 1865, os Estados Confederados, do sul dos Estados Unidos, que reunia estados sulistas contrários a abolição da escravatura, tentaram a independência e separação dos restantes etsados.

Mesmo derrotados na chamada Guerra da Secessão, alguns dos estados do Sul, como a Virgínia, Norte Carolina e Sul Carolina, bem como Alabama e a Georgia, têm ainda hoje defensores dos Confederados, que aglutinam extremistas direita.

Os manifestantes que marcharam pela supremacia branca e contra a remoção da estátua, gritaram saudações nazistas e palavras de ordem contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus. Nos protestos que ocorreram na sexta à noite foram usadas tochas e alguns manifestantes cobriram o rosto.

As tochas são um dos símbolos do KKK, Ku Klux Klan, um grupo formado depois da guerra civil americana por soldados das tropas confederadas, um dos grupos que se levantaram contra o movimento pelos direitos civis liderados pelos negros americanos, no Sul dos Estados Unidos.

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