Cientistas estão a tentar trazer de volta à vida o auroque, animal que é o ancestral de todo o gado e que foi levado à extinção há quase 400 anos.
O auroque é o ancestral de todo o gado e, portanto, talvez um dos animais mais importantes da história da humanidade. Esta importante espécie para muitos ecossistemas europeus foi caçada até à sua extinção em 1627.
No entanto, o seu ADN continua vivo e distribuído entre várias das antigas raças de gado. É aqui que entra o Programa Tauros, que procura trazer de volta o auroque, através da reprodução dos parentes mais próximos dos auroques originais.
A Rewilding Europe, uma organização sem fins lucrativos sediada nos Países Baixos, juntamente com a Dutch Taurus Foundation, criou um programa em 2013 para trazer o auroque de volta à vida. Agora, estão mais perto do que nunca.
As vacas de Chillingham do norte da Inglaterra, os touros espanhóis da Península Ibérica e a Chianina da Toscana carregam partes substanciais do DNA do auroque.
O Projeto Auerrind, lançado em 2013, conta atualmente com cinco rebanhos reprodutores na Alemanha. Tanto o Programa Tauros como o Projeto Auerrind estão em constante colaboração.
“Estamos no caminho certo. Se continuarmos com uma seleção cuidadosa nos próximos dez anos, poderemos ter uma população estável até lá”, disse Claus Kropp, arqueólogo que lidera o Projeto Auerrind.
Ainda que não estejam nas dimensões dos seus antepassados, os rebanhos na Alemanha assemelham-se em grande parte aos auroques ancestrais.
“Conhecemos o ADN deste animal e podemos compará-lo com o ADN do gado moderno, o que pode produzir alguns resultados bastante surpreendentes”, disse ainda Kropp. “A distância dos auroques para o gado Pajuna de Espanha é de apenas 0,12%, por isso há mais de 98% de sobreposição”.
Quando o exército sueco atacou a Polónia em 1655, devastou o reino e saqueou tudo o que pôde. Entre os bens pilhados estava um objeto muito valioso de Sigismundo III Vasa, rei da Polónia: um chifre ornamentado. Em vida, o chifre pertenceu ao último touro auroque.
No mito grego sobre a fundação da Europa, Zeus — na forma de um auroque — seduz e sequestra a princesa Europa. Desde então, os auroques e os seus descendentes têm desempenhado um papel importante na construção do continente. O touro Zeus e Europa podem ser encontrados hoje na moeda grega de dois euros.
Os celtas associavam as criaturas a Cernunnos, um deus do submundo. Os antigos romanos colocavam os seus melhores gladiadores contra eles, escreve o Atlas Obscura.
Não era tarefa fácil. Com um metro e oitenta de altura e pesando mais de 1,3 toneladas, com chifres de quase 1,5 metros de ponta a ponta, estes herbívoros eram assustadores.
“Estes são um pouco abaixo do tamanho do elefante e da aparência, cor e forma de um touro”, escreveu o imperador Júlio César em Commentarii de bello Gallico. “A sua força e velocidade são extraordinárias; eles não poupam nem o homem nem a fera que veem”.
Auroque, Arouquesa. Será apenas coincidência ou existe uma relação?
Venha ele que passado uma ou duas décadas voltamos a extingui-lo.