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Dez mil anos após a sua extinção, cientistas querem ressuscitar o mamute-lanoso

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Apesar de estar extinto há dez mil anos em breve poderá voltar a habitar a Terra. Após várias discussões sobre o tema nos últimos anos, investigadores norte-americanos estão agora a avançar com o plano de trazer de volta ao Ártico o mamute-lanoso.

O projeto tem sido debatido na última década, mas só agora irá avançar, depois de terem sido recolhidos 15 milhões de dólares (cerca de 13 milhões de euros) em donativos pela empresa de genética Colossal.

A ideia dos cientistas responsáveis pelo novo projeto consiste em criar um híbrido elefante-mamute. Para que isso seja possível, vão ser criados em laboratório embriões que contenham ADN de mamute.

Segundo o Interesting Engineering, os especialistas vão começar por retirar células da pele de elefantes asiáticos, que estão em vias de extinção, e reprogramá-las para que se tornem células estaminais com capacidade de carregar ADN de mamute.

Outro passo essencial será identificar os genes especificamente responsáveis pela existência de pelo de mamute, camadas de gordura que isolem do frio e outras características de adaptação a climas gélidos.

Esses genes serão identificados através da comparação de genomas de mamute extraídos de animais recuperados do pergelissolo, o tipo de subsolo presente nas regiões polares, e genomas de elefantes asiáticos, que pertencem à mesma família dos mamutes.

Só nessa altura poderá passar-se à criação de embriões que serão carregados ou por um útero artificial ou por elefantes fêmea, que servirão de barrigas de aluguer.

“O nosso objetivo é criar um elefante resistente ao frio, mas que se pareça e se comporte como um mamute”, explicou George Church, cofundador da Colossal, ao jornal britânico The Guardian.

“Não porque queiramos enganar alguém, mas porque queremos algo que seja funcionalmente equivalente a um mamute, que goste de temperaturas de 40 graus negativos e que consiga fazer todas as coisas que elefantes e mamutes fazem, nomeadamente derrubar árvores”, referiu.

De acordo com a Colossal, este projeto faz parte de um esforço para conservar os elefantes asiáticos ao equipá-los com características que lhes permitam prosperar em vastas regiões do Ártico anteriormente habitadas por mamutes.

Além disso, os cientistas acreditam que a introdução de manadas de híbridos elefantes-mamutes no Ártico poderá ajudar a restaurar o habitat degradado e a combater alguns dos impactos das alterações climáticas.

Por exemplo, ao derrubarem árvores estes animais poderão contribuir para a restauração das antigas áreas de pastagem árticas.

“Se pensarmos na manchete mais importante do século XX, pensamos, sem dúvida, na ida do Homem à Lua. No século XXI, trazer uma espécie extinta de volta à vida teria um peso semelhante na história da humanidade. É difícil imaginar um projeto mais profundo do que um que quer reverter a extinção de espécies que eram consideradas perdidas para sempre”, refere Richard Garriott, membro da Colossal, citado pelo Público.

No entanto, nem todos os cientistas concordam que esta abordagem seja viável.

Victoria Herridge, bióloga no Museu de História Natural do Reino Unido, referiu ao jornal The Guardian que “a ideia de que podemos alterar com engenharia genética o ambiente do Ártico através de manadas de mamutes não é plausível”. Isto porque “a escala a que essa experiência teria de ser feita é enorme”.

Ao The New York Times, Heather Bushman, uma filósofa da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, levanta outra questão: quaisquer benefícios que a presença dos mamutes possa ter para a tundra precisarão de ser pesados juntamente com o possível sofrimento que os animais podem experienciar ao serem criados por cientistas.

ZAP //

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