Extinta há 80 anos, decidiu voltar a aparecer. Barata gigante regressa à Austrália

Justin Gilligan / The University of Sydney

A barata que estaria extinta há 80 anos.

Dizem que as baratas são difíceis de matar e não desaparecem, mas esta surpreendeu ainda mais os cientistas. Depois de a considerarem extinta desde a década de 1930, apareceu para cumprimentar um estudante de biologia.

Na base de uma árvore Banyan, foi redescoberta uma barata de 22 a 40 milímetros, que já tinha sido considerada extinta na ilha principal da Austrália.

De acordo com a Universidade de Sidney, um estudante de biologia redescobriu uma barata gigante, sem asas e devoradora de madeira, que se pensava estar extinta desde a década de 1930 e só é encontrada na ilha Lord Howe da Austrália.

“Durante os primeiros 10 segundos, mais ou menos, pensei: ‘Não, não pode ser”, contou Maxim Adams, estudante na Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Sidney. “Quer dizer, levantei a primeira pedra debaixo desta enorme árvore Banyan, e lá estava ela”, acrescenta o jovem.

Encontrámos famílias delas, todas debaixo desta única Banyan”, salientou Nicholas Carlile, investigador do Departamento de Planeamento e Ambiente de NSW (DPE), que estava com Adams a explorar North Bay, uma praia isolada, branca e arenosa, acessível apenas a pé ou pela água.

“Maxim e Nathan estiveram lá durante o resto da semana, procuraram debaixo de todas as outros Banyan de North Bay, mas não encontraram nada”.

Acreditava-se que a rara barata da ilha Lord HowePanesthia lata —, que em tempos foi comum em todo o arquipélago, tinha desaparecido após a chegada dos ratos à ilha em 1918, noticia a Interesting Engineering.

Nas décadas seguintes, surgiram grupos esporádicos de parentes próximos em duas pequenas ilhas. O grupo encontrado agora, no entanto, é geneticamente diferente.

“A sobrevivência é uma grande notícia, pois já passaram mais de 80 anos desde a última vez que foi vista”, sublinhou Atticus Fleming, Presidente da Direção da Ilha Lord Howe, sobre a descoberta, que aconteceu pela primeira vez em julho de 2022.

“A Ilha Lord Howe é um lugar espetacular. É mais antiga do que as ilhas Galápagos e alberga 1.600 espécies invertebradas nativas, metade das quais não são encontradas em mais nenhum lugar do mundo”, refere Fleming.

“Estas baratas são quase como a nossa própria versão dos tentilhão-de-Darwin, separados em pequenas ilhas ao longo de milhares ou milhões de anos, enquanto desenvolvem a sua própria genética única“, acrescentou o dirigente.

As baratas são cruciais para a preservação de um ambiente saudável na ilha, porque servem como uma espécie de reciclagem dos nutrientes vitais, aceleram a decomposição dos troncos, e fornecem alimentos para outras espécies.

Ainda há muito a aprender“, notou Lo, chefe do Laboratório de Ecologia Molecular, Evolução e Filogenética (MEEP) da Escola de Ciências da Vida e do Ambiente.

“Esperamos estudar o seu habitat, comportamentos e genética e aprender mais sobre como conseguiram sobreviver, através de mais experiências na ilha”, acrescenta.

O Conselho Australiano de Investigação e a Australia and Pacific Science Foundation estão a financiar o estudo, liderado pela Universidade de Sidney, em colaboração com o Departamento de Planeamento e Ambiente NSW e o Museu Lord Howe Island.

Alice Carqueja, ZAP //

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