Exército russo retoma ofensiva contra cidades no sudeste, incluindo Mariupol

O exército russo retomou a “ofensiva” após o adiamento da retirada de civis de duas cidades cercadas no sudeste da Ucrânia, uma delas Mariupol, disse hoje o porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konachenkov.

“Devido à relutância da parte ucraniana de influenciar os nacionalistas ou de prolongar o ‘cessar-fogo’, as operações ofensivas recomeçaram após as 18:00, hora de Moscovo” (15:00 em Lisboa), disse numa mensagem em vídeo.

A prevista abertura, hoje, de corredores humanitários em Mariupol e Volnovaja, para retirar a população civil, anunciada pela Rússia, foi suspensa, com ambas as partes a culparem-se.

A Rússia acusou os batalhões nacionalistas ucranianos de impedir a evacuação das cidades e disse que, das 215.000 pessoas esperadas, nenhuma chegou aos corredores humanitários.

As autoridades ucranianas disseram que as operações militares russas impediram a saída dos civis.

Moscovo exige que sanções não afetem relações com Teerão

A Rússia exigiu hoje que as sanções ocidentais por causa da invasão da Ucrânia não afetem as relações comerciais entre Moscovo e Teerão, o que pode dificultar as negociações para salvar o tratado nuclear iraniano.

O Irão e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) concordaram sobre um mecanismo para resolver questões pendentes sobre o tratado nuclear iraniano de 2015, mas as exigências feitas hoje pela Rússia podem atrasar as negociações que decorrem em Viena para salvar o pacto que os Estados Unidos abandonaram unilateralmente em 2018.

Enquanto se multiplicavam declarações otimistas sobre um acordo iminente entre os negociadores em Viena para salvar o tratado nuclear iraniano, a Rússia, atingida por sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia, interveio para exigir garantias dos EUA de que essas sanções não afetarão as relações com o Irão.

De acordo com um dos pontos principais do acordo de 2015, destinado a garantir o caráter estritamente pacífico das atividades nucleares iranianas, o Irão transferiu toneladas de urânio enriquecido para a Rússia.

“Pedimos garantias escritas aos nossos colegas americanos (…) de que as sanções não afetarão o nosso direito de livre e plena cooperação comercial, económica, de investimento e técnico-militar com o Irão”, disse hoje o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, referindo-se às sanções dos EUA, como retaliação pela invasão russa da Ucrânia.

O tratado de 2015 — que foi assinado pelo Irão, por um lado, e pelos Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha do outro – procurava impedir Teerão de conseguir produzir armas atómicas.

O pacto permitiu o levantamento das sanções económicas internacionais contra o Irão, em troca de limites ao seu programa nuclear, mas os Estados Unidos retiraram-se do tratado, em 2018, restabelecendo as sanções contra Teerão.

// Lusa

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