Ex-Presidente do Quirguistão libertado do Parlamento por manifestantes

Kremlin.ru / Wikimedia

Almazbek Atambayev, antigo presidente do Quirguistão

Manifestantes invadiram o Parlamento na capital do Quirguistão, num protesto contra os resultados das eleições, e libertaram o ex-Presidente Almazbek Atambaiev da prisão, de acordo com os media locais.

Os manifestantes, que exigem a renúncia do Presidente, Sooronbai Jeenbekov, e a realização de novas eleições parlamentares, não encontraram resistência ao entrarem na sede do poder na capital do país, Bishkek, disseram testemunhas à agência de notícias France-Presse (AFP), citada pela agência Lusa.

Acusações de fraude, incluindo compra de votos, mancharam as eleições de domingo. O chefe da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que esteve como observador independente do ato eleitoral, Thomas Boserup, considerou que as eleições “decorreram, no geral, bem”, mas que “alegações credíveis de compra de votos suscitam sérias inquietações”.

Os manifestantes libertaram Almazbek Atambaiev da prisão “sem usar força ou armas”, disse à AFP um dos apoiantes, Adil Turdukuov, que afirmou ter participado na ação.

A cela do ex-líder, que cumpre pena de 11 anos de prisão e é um antigo ‘protegido’ do atual Presidente, ficava no prédio da Comissão de Segurança do país e os guardas não ofereceram resistência, acrescentou. Vídeos publicados logo depois nas redes sociais mostraram Atambaiev a acenar aos apoiantes.

Uma testemunha que participou da entrada no Parlamento, mas pediu para não ser identificada, disse à AFP que os manifestantes forçaram a entrada no edifício. “Parámos, cantámos o hino nacional e entrámos no prédio sem [encontrar] nenhuma resistência”, salientou.

Fotos divulgadas pelo serviço da Radio Free Europe mostraram manifestantes a passear pelo principal centro de poder do Quirguistão. Vários outros meios de comunicação locais também noticiaram a presença de manifestantes no edifício.

Na segunda-feira, pelo menos 120 pessoas foram hospitalizadas em Bishkek após confrontos entre a polícia e manifestantes que contestaram os resultados das eleições parlamentares do dia anterior, dominadas por dois partidos próximos ao poder.

A polícia usou granadas de atordoamento e de gás lacrimogéneo para dispersar centenas de manifestantes reunidos no centro da cidade. “Mais de 120 pessoas foram hospitalizadas, várias em estado grave”, disse o Ministério da Saúde do Quirguistão em comunicado, acrescentando que cerca de metade eram polícias.

O apelo para o protesto foi feito por cinco partidos que não cumpriram o limite de 7% exigido para garantir a presença no Parlamento. Em causa está a vitória dos partidos políticos próximos do Presidente pró-russo, Sooronbai Jeenbekov, e a suspeita de alegadas compras de votos, segundo observadores internacionais.

Os partidos Birimdik (centro-esquerda) e Mekenim Kirghizstan (Minha Pátria Quirguistão, de direita), a favor de uma integração mais estreita de Bichkek na União Económica Euro-Asiática, promovida por Moscovo, ganharam cada um 25% dos votos, depois de 98% do escrutínio já ter sido apurado.

O Birimdik tem o irmão mais novo do Presidente e também ex-chefe do Parlamento nas suas fileiras, Asylbek Jeenbekov, enquanto o Mekenim Kirghizstan é suspeito de representar os interesses do clã de Rayimbek Matraimov, um antigo responsável da alfândega alvo de protestos anticorrupção no ano passado.

// Lusa

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