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Sahil Lavingia
Menos de 24 horas depois de uma entrevista à Fast Company, na qual revelava detalhes sobre a sua experiência no DOGE, Sahil Lavingia foi demitido por Elon Musk. O ex-funcionário do departamento na altura liderado pelo bilionário norte-americano abre agora o livro — e conta tudo.
A 17 de março, o escritor e artista norte-americano Sahil Lavingia iniciou funções no DOGE, o departamento de “eficiência governamental” criado e, até há poucos dias, liderado por Elon Musk.
A sua aventura na administração Trump durou 55 dias. Ao 54º dia, Lavingia deu uma entrevista à Fast Company, na qual contava alguns detalhes sobre o seu trabalho. No dia seguinte, a 9 de maio, foi demitido. E decidiu abrir o livro.
Nesta quarta-feira, o CEO e fundador da startup Gumroad decidiu contar no seu blog o que foram os seus “dias de DOGE”.
No seu post, Lavingia descreve os tipos de projetos em que trabalhou e as suas impressões gerais sobre o trabalho feito com o DOGE. O antigo funcionário descreve as operações do departamento como “desorganizadas”, queixando-se de que havia pouca partilha de informação entre as diferentes equipas.
O verdadeiro líder
Nesta quinta, em conversa com a WIRED, o antigo funcionário explica ainda como foi a sua experiência, de que forma o grupo de trabalho costuma comunicar (aparentemente, usa o famigerado Signal) e quem parece estar no comando — e analisa o que pode acontecer no futuro, após a saída de Elon Musk.
Segundo Lavingia, o verdadeiro líder do DOGE era na realidade Steve Davis, braço direito de Musk no X e na Boring Company, que foi parte fulcral nas principais decisões das operações quotidianas do departamento.
Sem a liderança de Davis, que, segundo o WSJ, acaba de deixar a agência, o DOGE poderá ficar sem rumo certo e não é claro quem irá liderá-lo no futuro: “Steven era a única pessoa que estava presente em tudo”, diz Lavingia.
“Era Davis que dirigia a maior parte das atividades do DOGE, em diferentes agências, e estava em contacto direto com todos os membros do DOGE em vários pontos”, conta Lavingia.
O departamento usava nas suas comunicações a aplicação de mensagens criptografadas Signal — que especialistas e legisladores já tinham alertado que poderia violar leis que exigem que funcionários públicos mantenham registos de todas as comunicações.
No início do ano, o então conselheiro de segurança nacional Mike Waltz adicionou acidentalmente um editor do The Atlantic a uma grupo ultrassecreto no Signal, no qual funcionários da administração Trump discutiam ações militares iminentes e sensíveis no Iémen.
Os Amigos de Elon
De acordo com Lavingia, no fim de março Davis esteve presente numa reunião com Musk, a que foi dado o nome de “reunião E”. Muitos dos funcionários do DOGE que encontrou nessa reunião pareciam estar concentrados na execução de tarefas que Davis lhes tinha atribuído.
Um dos presentes na reunião foi Baris Akis, co-fundador e presidente da empresa de capital de risco Human Capital, e associado de longa data de Musk. Um detalhe importante: não é americano.
Em fevereiro, os conselheiros de Trump tinham impedido Musk de contratar Akis para a DOGE por este ter nascido na Turquia, apesar de ter um green card (uma autorização de residência). As leis dos EUA não permitem que cargos no governo sejam assumidos por pessoas sem nacionalidade norte-americana.
No entanto, Lavingia revela que foi graças a Akis que conseguiu o seu lugar no DOGE, uma vez que foi dele que recebeu a mensagem de que tinha sido escolhido para fazer parte do projeto.
No início deste mês, Antonio Gracias, outro grande aliado de Musk e também ligado ao DOGE, disse num Podcast que “Baris e Emily erram os responsáveis pelo recrutamento” de funcionários para o DOGE. Lavingia não conseguiu saber quem seria “Emily”.
“Bode Expiatório” da administração de Trump
Elon Musk e Davis exerciam os seus cargos no DOGE como “funcionários públicos especiais”, um estatuto que lhes permite trabalhar no governo por um período limitado de tempo, de 130 dias.
Na sua publicação, Lavingia diz que o DOGE, que levou a cabo uma série de despedimentos e reduções de custos na administração pública norte-americana, foi uma forma de Trump se distanciar de decisões impopulares.
“Mas, na realidade, o DOGE não tinha autoridade direta” diz Lavingia. “As decisões finais vinham dos chefes de agência nomeados pelo presidente Trump, que foram espertos em deixar o DOGE agir como o ‘bode expiatório’ para decisões impopulares”, escreveu na publicação.
Sem Musk e Davis ao leme do DOGE, Lavingia diz que não faz ideia da direção que o navio irá tomar. “Presumo que os jovens engenheiros que entraram no projeto devido a sua influênica também se vão embora em breve”.
Ha muito tempo que não lia um texto tão sem sem sentido como este.. Chegamos no fim, e não se apura nada.