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Ex-chefe da espionagem venezuelana: “Maduro é o chefe de uma organização criminosa”

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(h) Miraflores Press / EPA

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

Manuel Ricardo Cristopher Figuera era chefe dos serviços secretos venezuelanos. Desertou para o lado de Juan Guaidó, com o qual tentou derrubar o regime. Em entrevista, contou o que viu quando estava no círculo do poder: “Percebi rapidamente que Maduro é o chefe de uma organização criminosa”.

Segundo um artigo do Público, publicado na quinta-feira, o general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, de 55 anos, era uma das pessoas com quem o Presidente venezuelano Nicolás Maduro sabia que podia contar. Descrito como um “verdadeiro crente na revolução”, tendo passado décadas como chefe de segurança de Hugo Chávez, chegou ao poder em outubro, ao ser nomeado chefe dos serviços secretos – a SEBIN.

Contudo, quando o líder da oposição apoiado pelos Estados Unidos (EUA), Juan Guaidó, anunciou o levantamento de 30 de abril para afastar Nicolás Maduro, Figuera emergiu como o conspirador-surpresa. Quando o levantamento fracassou, fugiu para a Bogotá (Colômbia), onde esteve escondido durante quase dois meses e protegido 24 horas por dia.

De acordo com o Público, Figuera levou consigo acusações contra o Governo de Nicolás Maduro: tráfico ilícito de ouro, células do Hezbollah que operam na Venezuela, a verdadeira extensão da influência cubana no Palácio presidencial de Miraflores.

Embora o levantamento contra Nicolás Maduro tenha falhado e este continue no poder, Figuera não se arrepende de se ter rebelado contra o chefe. “Estou orgulhoso do que fiz”, disse. “Por agora, o regime ganhou-nos. Mas isso pode mudar a qualquer momento”.

Como chefe do SEBIN, dirigiu uma agência acusada de prisões arbitrárias e tortura, tendo sido um dos cinco altos funcionários do regime socialista bolivariano venezuelano sancionados pela Administração Trump, em fevereiro.

Apesar de defender o seu trabalho em prol do chavismo, confessou lamentar alguns excessos. “Tenho uma grande dívida para com as pessoas que ainda estão presas”, indicou. “Pessoas cujos familiares morreram sem que as pudessem ver. Isso dilacera-me. Está lá muita gente inocente, e estou em dívida para com eles. Não fiz o suficiente”.

Miguel Gutierrez / EPA

O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e opositor Leopoldo López

Segundo relatou o Público – num artigo em que conta como Figuera foi abordado para fazer parte do plano para derrubar Nicolás Maduro e dos desenvolvimentos da conspiração -, apesar de este ter trabalhado durante anos nos serviços secretos militares, foi o seu trabalho como chefe do SEBIN que lhe abriu os olhos para o Governo de Maduro.

“Nunca tinha visto a situação do país e a corrupção do governo tão de perto como durante os meus últimos seis meses”, indicou. “Percebi rapidamente que Maduro é o chefe de uma organização criminosa, em que a sua própria família está envolvida”.

Figuera tinha começado a investigar uma empresa supostamente criada por um assistente do filho do Presidente, Nicolás Maduro Guerra, de 29 anos. Descobriu que a empresa estabelecera o monopólio da compra de ouro aos mineiros da região Sul a preços baixos para revender a preços elevados ao Banco Central da Venezuela.

Durante esse tempo, descobriu igualmente um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o então vice-presidente, Tareck El Aissami, agora ministro da Indústria. Este negou as acusações.

Figuera relatou ter visto dados secretos sobre grupos ilegais que operam na Venezuela com a proteção do Governo, entre eles a guerrilha colombiana ELN, ativa à volta de zonas mineiras do estado sulista de Bolivar.

Além disso, relatou ter encontrado dados sobre operações do grupo xiita libanês Hezbollah em Maracay, Nueva Esparta e Caracas, aparentemente relacionadas com negócios ilícitos que ajudam a financiar as operações no Médio Oriente. “Descobri que não se podia mexer nos casos do narcotráfico e das guerrilhas”, comentou.

Porém, “foi o funcionamento disfuncional de um governo dividido em feudos pessoais de altos funcionários hostis entre si que lhe causou maior desespero”, lê-se no Público. Lembrou um encontro entre Iris Varela, a ministra das prisões, e Vladimir Padrino, o ministro da Defesa. A primeira queria 30 mil armas para criar um exército pessoal. “Ela disse que já tinha dado treino a prisioneiros homens, que ela era o comandante deles”.

TP, ZAP //

1 Comment

  1. Minha nossa! Depois de tantas barbaries cometido o tirano continua no poder? Agora podemos confirmar que sem resoluções que venha trazer lucros exorbitantes nenhum País está disposto a ajudar. Desde a horrenda história dos Romanov. A verdade é sempre revolucionária!

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