Vice-presidente do Parlamento Europeu sai já da bancada parlamentar dos Socialistas Europeus. Mestola assume “fúria, raiva e tristeza”.
A bancada dos Socialistas Europeus (S&D) no Parlamento Europeu decidiu hoje expulsar do grupo, “com efeito imediato”, a vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili, acusada de corrupção, pedindo também o seu afastamento do cargo na instituição.
Numa nota de imprensa divulgada após uma reunião de hoje, o S&D informa que, mediante proposta da mesa, decidiu “expulsar Eva Kaili do grupo com efeito imediato, na sequência da suspensão do seu mandato” na passada sexta-feira.
“Além disso, o grupo S&D exigiu que Eva Kaili fosse afastada do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu, durante a sessão plenária desta semana, invocando o artigo 21.º do regulamento interno”, referente à cessação antecipada de funções.
O regulamento interno da assembleia europeia prevê, no seu artigo 21.º, que um vice-presidente (ou outro responsável) cesse funções antecipadamente quando for “culpado de falta grave”, numa decisão que é proposta pela Conferência de Presidentes da instituição e adotada em plenário por maioria de dois terços dos votos expressos, constituindo a maioria dos membros do Parlamento Europeu.
“Estamos consternados com as alegações de corrupção no Parlamento Europeu. O grupo S&D tem tolerância zero para a corrupção. Apoiamos uma investigação minuciosa e uma divulgação total. Iremos cooperar plenamente com todas as autoridades investigadoras”, salientam os Socialistas Europeus na nota de imprensa.
O S&D decidiu também hoje suspender a participação de eurodeputados da bancada que estejam envolvidos na investigação judicial em causa e, “no caso de serem confirmadas as irregularidades, o grupo irá pôr termo à participação dos interessados”.
Caso a investigação em curso “conclua que houve interferência estrangeira e corrupção”, o grupo pede ainda que “sejam impostas sanções a qualquer Estado e indivíduos envolvidos”.
Entre outras medidas hoje propostas pelos Socialistas Europeus estão a criação de uma comissão de inquérito sobre a interferência estrangeira nas instituições da UE, a suspensão temporária dos trabalhos sobre processos relacionados com os Estados do Golfo, particularmente no que diz respeito à liberalização de vistos, e ainda que, na sessão plenária desta semana na cidade francesa de Estrasburgo, seja acrescentado um debate sobre “suspeitas de corrupção dos países do Golfo e a necessidade mais ampla de transparência e responsabilização nas instituições da UE”.
A eurodeputada grega Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu e membro da bancada dos Socialistas europeus (grupo dos Socialistas e Democratas, S&D), encontra-se detida na Bélgica por alegado envolvimento num caso de corrupção relacionado com subornos do Qatar para influenciar as decisões do Parlamento Europeu relativas à realização da edição de 2022 do Mundial de futebol naquele país.
Um juiz belga decidiu no domingo acusá-la juntamente com outras três pessoas – incluindo o seu companheiro, o italiano Francesco Giorgi – pelo crime de participação em organização criminosa, branqueamento de capital e corrupção.
A Autoridade de Combate ao Branqueamento de Capitais grega confiscou hoje os bens (imóveis, contas bancárias, empresas) no país da vice-presidente do Parlamento Europeu (atualmente suspensa do cargo) e dos seus familiares mais próximos.
A apreensão dos bens de Kaili e dos seus familiares mais próximos na Grécia foi ordenada pelo chefe da Autoridade de Combate ao Branqueamento de Capitais e procurador-adjunto da Supremo Tribunal grego, Jaralabos Vurliotis, com a justificação de que é possível que sejam provenientes de atividades ilegais.
O pai de Kaili também está envolvido no caso, já que na sexta-feira a polícia o deteve em flagrante num hotel com um saco com 600 mil euros em dinheiro, com o qual pretendia fugir.
Segundo os meios de comunicação gregos, outros 150 mil euros foram encontrados em malas numa busca realizada na casa de Kaili em Bruxelas.
Metsola furiosa
A presidente do Parlamento Europeu assumiu hoje “fúria, raiva e tristeza” com o caso de corrupção que envolve membros daquela assembleia, mas garantiu que a instituição trabalha com a justiça e anunciou uma reforma interna para reforçar a transparência.
Dirigindo-se ao hemiciclo no início da sessão plenária que hoje arrancou em Estrasburgo, França, Roberta Metsola começou por confidenciar que os últimos dias foram “dos mais longos” da sua carreira, face à investigação policial que levou à detenção de várias pessoas, entre as quais uma vice-presidente do Parlamento Europeu, a deputada grega Eva Kaili, por alegado envolvimento num caso de corrupção relacionado com subornos do Qatar para influenciar as decisões da instituição relativas à celebração do Mundial de futebol naquele país.
“Tenho de escolher as minhas palavras com muito cuidado para não comprometer de forma alguma as investigações em curso ou prejudicar o princípio da presunção de inocência, e vou fazê-lo. Por isso, se a minha fúria, a minha raiva e a minha tristeza não transparecerem, acreditem que estão muito presentes, juntamente com a minha determinação para que esta casa fique mais forte” na sequência deste escândalo, declarou a dirigente maltesa.
Segundo Metsola, os “planos maliciosos” de “atores malignos ligados a países terceiros autocráticos” fracassaram, até porque os serviços do Parlamento Europeu, dos quais se afirmou “incrivelmente orgulhosa”, já vinham a trabalhar “há algum tempo” com as autoridades judiciais relevantes.
Na mesma intervenção, e perante a atual situação, Roberta Metsola anunciou uma série de medidas, entre as quais uma investigação interna e uma reforma do acesso dos grupos de pressão (lóbis) às instalações parlamentares, assim como a proteção de denunciantes de atos criminosos.
// Lusa
Mais uma grande xuxalista
Deviam vir cá fazer uma limpeza!