A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, advertiu esta sexta-feira os novos dirigentes da Síria de que a Europa não financiará a criação de instituições islamitas no país.
“A Europa dará o seu apoio, mas não financiará novas estruturas islamitas”, avisou a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, numa visita a Damasco com o homólogo francês, Jean-Noel Barrot, onde se reuniram com o novo líder sírio, Ahmad al-Charaa, no palácio presidencial da capital síria.
Ahmad al-Charaa é o líder do grupo islamita radical Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a coligação que tomou Damasco a 8 de dezembro de 2024.
O HTS, ex-braço sírio da organização terrorista Al-Qaida, afirma ter rompido com o ‘jihadismo’, mas continua classificado como “grupo terrorista” por várias capitais ocidentais, entre as quais Washington.
A visita de Baerbock e Barrot, os primeiros ministros europeus a visitar a Síria desde que os rebeldes tomaram o controlo de Damasco, teve como objetivo enviar uma mensagem de compromisso cauteloso aos rebeldes islamistas, reconhecendo o seu estatuto de novos governantes da Síria e apelando à moderação e ao respeito pelos direitos das minorias.
A chefe da diplomacia alemã insistiu igualmente no lugar que deverá ser reservado às mulheres e aos direitos destas na nova Síria.
“É agora necessário estabelecer um diálogo político que inclua todos os grupos étnicos e religiosos e que inclua todos os cidadãos, em particular as mulheres deste país”, sustentou.
“Todas elas devem ser envolvidas no processo constitucional e no futuro Governo sírio. Porque, especialmente nesta região, sabemos que os direitos das mulheres são o indicador de uma sociedade que mostra o seu apego à liberdade individual”, sublinhou.
“Transmitimos isso claramente aos líderes aqui em Damasco hoje. Era importante saber que eles tinham compreendido”, acrescentou Annalena Baerbock.
Questionada sobre se a UE poderá em breve começar a levantar as sanções impostas à Síria, Baerbock disse que tal depende do progresso político, e citou “alguns sinais positivos”, acrescentando que é demasiado cedo para atuar.
“As últimas semanas demonstraram que existe muita esperança na Síria de que o futuro seja de liberdade. Livre para todos, independentemente da sua origem étnica, género ou religião. Mas está longe de ser certo que seja assim”, afirmou Baerbock, citada pela Reuters.
Desde a destituição de Assad, os novos governantes da Síria têm procurado assegurar à comunidade internacional que irão governar em nome de todos os sírios e não impor a revolução islâmica.
Os governos ocidentais começaram a abrir gradualmente canais com o Sharaa e o HTS, e estão a debater a possibilidade de retirar a designação de terrorista ao grupo.
Subsistem muitas questões sobre o futuro de um país multiétnico onde os Estados estrangeiros, incluindo a Turquia e a Rússia, têm interesses fortes e potencialmente concorrentes.
Baerbock disse que se deslocava à Síria com uma “mão estendida” e com “expectativas claras” em relação aos novos governantes, que, segundo ela, seriam julgados pelas suas ações. “Sabemos de onde vem ideologicamente o HTS e o que fez no passado”, afirmou em comunicado.
Jean-Noel Barrot, por seu turno, manifestou igualmente a esperança de uma Síria “soberana e segura” que não deixe espaço para o terrorismo, armas químicas ou actores estrangeiros malignos, durante uma reunião com representantes de organizações da sociedade civil síria.
A Alemanha e a França tencionam oferecer ajuda técnica e aconselhamento à Síria durante a elaboração de uma nova constituição, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês aos jornalistas, afirmando que a esperança de uma transição democrática é “frágil mas real“.
Barrot visitou também a embaixada francesa, que está fechada desde 2012, onde afirmou que a França vai trabalhar para restabelecer a representação diplomática de acordo com as condições políticas e de segurança, disseram fontes diplomáticas.
Durante a sua visita, os dois ministros visitaram a prisão mais famosa da Síria, o complexo de Sednaya, palco de “torturas inimagináveis” durante o regime de Bashar Al-Assad.
ZAP // Lusa
Só ajudamos e financiamos se for em território europeu… Para animar os nossos mcul…. para eles não invadirem mercados com carros em épocas festivas…. E esfaquear civis nos parques… e invadir jornais por caricaturas…