Tortura, violações, execuções em massa regulares… O que aconteceu aos sírios discordantes às mãos do regime de Bashar al-Assad?
A Rede Síria para os Direitos Humanos (RSDH) registou, entre março de 2011 e julho deste ano, 15.102 mortes causadas por tortura nas prisões geridas pelo regime de Bashar al-Assad.
Segundo a mesma rede, citada pelo The Guardian, há ainda mais 100.000 pessoas desaparecidas.
Fadel Abdulghany, diretor do RSDH, que acompanha as pessoas que foram “desaparecidas à força”, disse que todas as 100.000 pessoas desaparecidas “provavelmente morreram sob tortura” na prisão.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) em 2022 estima mesmo que mais de 100 mil pessoas morreram nas prisões sírias, sob tortura.
“Olhos encovados, rosto assombrado…”
Mazen al-Hamada foi uma dos rostos mais marcantes da luta contra o regime de Bashar al-Assad. Mas não viveu para celebrar a queda do regime.
O ativista foi encontrado morto na prisão, no início desta semana, aquando da libertação de milhares de presos políticos, após a ofensiva-relâmpago dos rebeldes islâmicos que tomaram cidades importantes na Síria e afastaram o Presidente Bashar al-Assad do poder, no último domingo.
Os mais próximos dizem que Hamada foi “esmagado” pela inação do mundo.
Today, the body of Syrian activist Mazen al-Hamada was found. He was tortured in 2012 before his release and departure from Syria. Mazen disappeared in 2020 after being coerced by the Syrian regime’s embassy in Berlin to return to Syria. pic.twitter.com/O2BukqBlNl
— Samer Daboul (@samerdaboul6) December 9, 2024
Hamada foi detido e torturado juntamente com dezenas de milhares de pessoas, depois da revolta de 2011 contra o regime de Assad.
Em 2013 foi libertado e, no ano seguinte, recebeu asilo nos Países Baixos, tendo começado a fazer digressões pelas capitais no Ocidente, para mostrar as cicatrizes e descrever o que tinha sofrido às mãos das autoridades sírias.
Hamada regressou à Síria em 2020, não se sabe se por vontade própria ou forçado pelas autoridades. O que se sabe é que desapareceu mal chegou ao país.
De acordo com o The Guardian, houve, desde logo, indícios de que havia sido novamente detido pelo Estado sírio.
O ativista foi encontrado, agora, morto, na cadeia de Sednaya, perto de Damasco, que é descrita pela Amnistia Internacional como um “matadouro humano” e onde milhares de pessoas foram torturadas, violadas e mortas em execuções em massa regulares.
As forças rebeldes afirmaram ter encontrado 40 cadáveres empilhados na morgue de Sednaya com sinais de tortura, estando a circular na Internet uma imagem de Hamada entre eles.
Mazen Hamada was once arrested for smuggling baby formula. Later on ,he became a victim of rape and torture. Even after leaving Syria, he suffered a lot in exile. He came back in 2020.
Today his body was found in Sednaya prison
May god grant him jannahpic.twitter.com/JmGFaPlmBC— (@moonatsunrise20) December 9, 2024
Como descreve o The Guardian, os olhos encovados e o rosto assombrado de Hamada, as suas lágrimas ao descrever a profundidade dos horrores por que passou, fizeram dele um símbolo dos crimes que o regime de Assad cometeu contra aqueles que se manifestaram contra ele.
“Mazen tinha sofrido torturas tão cruéis, tão inimagináveis, que os seus relatos tinham um peso quase sobrenatural. Quando falava, era como se olhasse para o rosto da própria morte, suplicando ao anjo da mortalidade que lhe concedesse um pouco mais de tempo”, disse, ao jornal britânico, o fotógrafo e realizador e amigo de Hamada, Sakir Khader.
Escrevia poesia. Foi presa
A blogger síria Tal al-Mallouhi, detida em 2009 aos 19 anos, e depois condenada por espionagem, sobreviveu e foi libertada.
Depois de 15 anos nas prisões do governo sírio, Tal al-Mallouhi, agora com 33 anos ainda precisa de tempo “para perceber que está livre, que tudo está bem agora e que o medo e o terror desapareceram”, contou a sua mãe, Ahd al-Mallouhi, à agência France-Presse (AFP).
No momento da sua condenação, a comunidade internacional mobilizou-se, com a França a recordar à Síria os seus compromissos internacionais em matéria de liberdade de expressão e o direito a um julgamento justo.
Antes de ser detida, em dezembro de 2009, pouco mais de um ano antes do início da guerra na Síria, a jovem escrevia poesia e comentava a situação social.
Acusada de trabalhar para os serviços de informação norte-americanos (CIA), o que a sua família sempre negou, foi condenada a 5 anos de prisão, mas as autoridades nunca a libertaram no final da pena.
O que aconteceu aos sírios discordantes?
O regime de Bashar al-Assad, que sucedeu ao seu pai Hafez em 2000, reprimiu metodicamente qualquer voz discordante.
Desde o início da guerra na Síria, em 2011, desencadeada pela repressão brutal das manifestações pró-democracia.
Os rebeldes declararam a 8 de dezembro Damasco ‘livre’ do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.
Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baas foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
ZAP // Lusa
O Kpeta já reservou um lugar ao lado para que esse energúmeno passe longo período sofrendo as desgraças que proporcionou aos seus desafetos. Tenho pena do pobre espírito desse podre ser.
Horrível. Mas quantos de nós se lembram do bombardeamento do Laos pelos EUA de 1964 a 1973, em que dois milhões de toneladas de bombas de fragmentação (um bombardeiro cheio de 8 em 8 minutos, 24 horas por dia) foram lançadas, que mataram 200.000 pessoas e feriram 400.000, tendo as bombas que ficaram nos campos morto mais cerca de 20.000 pessoas desde o fim dos bombardeamentos. O Bashar al-Assad foi mau, e então o que devemos chamar aos americanos? Ou será que matar asiáticos não é condenável? Um crime é um crime, e Bashar al-Assad era um criminoso, mas nada que se compare com as mortandades causadas pelos EUA, nossos aliados e amigos, que andam a tentar arrastar-nos para mais uma guerra, agora com a Rússia. Basta de hipocrisia!…
Nuno Cardoso da Silva, porque nao falas tu dos MILHOES de vitimas do Comunismo Sovietico????.
O CARNICEIRO – assim foi apelidado o sanguinário Josef Stalin – “O CARNICEIRO DO CÁUCASO ” DEZ MILHÕES de mortos , é o que diz a HIDTÓRIA [email protected]
Carvalho, tudo deve ser combatido, quando se trata de barbárie, quer de um lado quer de outro e nada deve ser esquecido para que a humanidade ponha cada um no seu lugar e não continue a expor-se a facínoras.
São estes governos genocidas os amigos de Putin. Estas ditaduras têm todas o mesmo fim, que vai ser o fim próximo do “anão vermelho”.
O Homem existe para ser livre.
REFÚGIO dos PECADORES , assim diriam os adeptos do Império Romano Cristão – a mãezinha Rússia recebe de mãos abertas o amigo BASHAR ASSAD & FAMÍLIA. O inferno está cheio de boas intensões. Encontram-se lado a lado, agora, o CZAR VLADIMIR e o ANTÍOCO ASSADICO , juntos planejarão uma saída “honrosa” da invasão vergonhosa da Ucrânia É o que pensa, joaoluizgondimaguiargondim [email protected]
RETIFICAÇÃO – Nome correto: BASHAR AL-ASSAD, por um lapso deixei de colocar a partícula AL ao nome do sírio no comentário acima.