Os Estados Unidos indicaram hoje às autoridades afegãs o seu desejo de rever o acordo entre o Governo norte-americano e os talibãs, assinado em fevereiro de 2020, particularmente para “avaliar” o respeito dos rebeldes pelos compromissos assumidos.
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, convocou o seu homólogo afegão, Hamdullah Mohib, e “deixou claro” a sua intenção de “revisar” o acordo, disse a porta-voz do conselheiro, Emily Horne, em comunicado.
Jake Sullivan, segundo a nota, pediu em particular “para avaliar se os talibãs estão a respeitar os compromissos assumidos de cortar todos os laços com grupos terroristas, reduzir a violência no Afeganistão e se estão a conduzir negociações sérias com o Governo afegão e outros atores”.
O acordo – acertado pela Administração do ex-Presidente norte-americano Donald Trump com os talibãs e que não incluiu o Governo afegão nas negociações – prevê a retirada total das forças norte-americanas até meados de 2021 em troca, em particular, do compromisso dos talibãs de não permitir que grupos terroristas operem a partir de áreas que controlam.
Sullivan também expressou o “desejo dos Estados Unidos de que todos os líderes afegãos aproveitem esta oportunidade histórica de paz e estabilidade”.
Os talibãs, contactados pela agência de notícias AFP, disseram que ainda estão determinados a honrar seus compromissos sob o acordo assinado com Washington.
“Esperamos que o outro lado também permaneça comprometido em respeitar o acordo”, disse Mohammad Naeem, porta-voz da ala política do grupo, com base no Qatar.
As autoridades afegãs, que esperavam ansiosamente para ver como a Administração de Biden iria administrar a questão, receberam os comentários de Sullivan com alívio.
Na terça-feira, o futuro chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, já havia indicado que o novo Governo iria rever o acordo, considerando em particular essencial “preservar os avanços que foram feitos por mulheres e raparigas no Afeganistão ao longo dos últimos 20 anos”.
Washington reduziu o seu efetivo militar no Afeganistão para 2.500 em 15 de janeiro, ao seu nível mais baixo desde 2001.