Completaram-se este domingo 60 anos desde o incidente ocorrido na povoação norte-americana de Mars Bluff, na Carolina do Norte, quando um bombardeiro da Força Aérea dos Estados Unidos deixou cair acidentalmente uma bomba atómica numa zona residencial.
A 11 de março de 1958, recorda a WBTW, um bombardeiro Boeing B-47 Stratojet voava de um aeródromo militar no estado da Geórgia até ao Reino Unido e seguia depois para o norte de África. A aeronave transportava várias armas nucleares, preparadas para o caso de se iniciar uma guerra com a URSS, incluindo uma bomba atómica Mark 6.
Durante o voo, o capitão Earl Koehler viu uma luz de aviso na cabine que indicava problemas com o pino de bloqueio do arnês que segurava a bomba.
Quando o copiloto, Bruce Kulka, desceu ao depósito de armas para verificar a causa do alerta, tirou por engano o pino de desbloqueio de emergência.
A bomba Mark 6 caiu, e as portas do depósito abriram-se com o peso. A arma caiu para o solo, de uma altura de 4600 metros, diretamente sobre um bairro residencial da povoação de Mars Bluff, na Carolina do Norte.
Felizmente, a bomba não levava o núcleo cindível nuclear – que estava guardado no avião à parte da Mark 6 – o que salvou a povoação de uma catástrofe maior. Mesmo assim, a bomba continha a carga explosiva convencional, que explodiu logo após ter caído.
A explosão destruiu parte da propriedade de Walter Gregg Sr, feriu seis membros da família, incluindo crianças, e danificou vários edifícios próximos. Além disso, a bomba deixou uma cratera de 21 metros de largura e 11 metros de profundidade, que permanece visível até hoje.
Walter Gregg Júnior tinha 7 anos quando a bomba caiu no quintal da casa de família, e lembra-se bem do incidente. “O meu pai e eu estávamos na garagem, era um dia normal, íamos comer cachorros quentes. De repente passou um avião, e parecia que o avião estava a cair, mas afinal era a bomba“.
Incrivelmente, toda a família sobreviveu.
“O meu pai lançou-se por cima de mim para me proteger da explosão. Eu, os meus pais, as minhas duas irmãs e uma prima minha, acabámos todos por ficar com ferimentos. E ficámos cobertos de lama e destroços. Não foi nada de mais, mas se pensarmos no que podia ter acontecido naquele dia…”, recorda Walter.
Depois do incidente, a família Gregg processou a Força Aérea dos Estados Unidos, recebendo uma indemnização equivalente hoje a 458 mil dólares (mais de 370 mil euros).
A Força Aérea, por sua vez, decidiu mudar a configuração das bombas e alterou a cavilha de segurança das aeronaves – para ter a certeza de que no futuro, quando uma bomba é lançada sobre uma povoação, é porque alguém quer mesmo destrui-la.
// Sputnik News / WBTW
* Arnês com acento circunflexo e não com acento agudo:
ar·nês; “conjunto de fitas resistentes unidas entre si”
in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2018. [consult. 2018-03-14 13:31:52]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/arnês
** Mars Bluff é na Carolina do Sul e não na Carolina do Norte como erradamente consta no quarto parágrafo do corpo do conteúdo
Obrigado pelo reparo, está corrigido.