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Estudo controverso sugere que as grávidas devem cortar totalmente o consumo de cafeína

Um novo estudo, conduzido pelo professor Jack James, da Universidade de Reykjavik, na Islândia, sugere que as grávidas ou as mulheres que tentam engravidar devem cortar totalmente o consumo de cafeína durante este período.

De acordo com a nova investigação, publicada esta semana na revista BMJ Evidence Based Medicine, as mulheres destes grupos devem cortar completamente o consumo de cafeína, uma vez que este composto aumenta o risco de complicações durante a gestação.

O estudo alega que o consumo de cafeína aumenta significativamente o risco de o feto nascer sem vida, bem como a ocorrência de um aborto espontâneo e o nascimento de uma criança abaixo do peso normal, elenca a emissora norte-americana Sky News.

O novo estudo vai contra as recomendações gerais de médicos e autoridades de saúde pública, que sustentam que as grávidas podem consumir até 200 miligramas de cafeína por dia, o equivalente a dois copos de café americano ou a um expresso.

“As recomendações habituais, como as emitidas pelo NHS (National Health Service), não são consistentes como o nível de ameaça real apontado pela plausibilidade biológica do perigo e da extensa evidência dos danos reais. Consequentemente, as recomendações de saúde atuais sobre o consumo de cafeína durante a gravidez precisam de uma revisão radical”, escreveu Jack James no novo estudo.

Para chegar a esta conclusão, o cientista analisou 37 estudos observacionais anteriores.

Tal como frisa a emissora britânica BBC, o estudo é totalmente observacional, não podendo comprovar, na verdade, que o consumo de cafeína pode prejudicar a gravidez.

Além do NHS, também a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar e as Faculdades de Obstetrícia e Ginecologia dos Estados Unidos e do Reino Unido recomendam limitar, mas não eliminar, o consumo de cafeína durante a gravidez.

Estudo “excessivamente alarmista”

Em declarações à BBC, Luke Grzeskowiak, farmacêutico da Universidade de Adelaide, localizada na Austrália, afirmou que o trabalho de Jack James é “excessivamente alarmista” e inconsistente com as evidências amplamente aceites pela comunidade científica.

“Há tantas coisas que se diz que as grávidas podem ou não fazer (…) a última coisa que precisamos é causar ansiedade desnecessária. No final do dia, as mulheres devem ter a certeza de que a cafeína pode ser consumida com moderação durante a gravidez”.

Por sua vez, Andrew Shennan, professor de obstetrícia do Kings College London, frisou que a análise dos estudos anteriores pode falhar porque depende diretamente das memórias das mulheres sobre o consumo de cafeína. Além disso, continuou, é difícil excluir outros fatores de risco associados aos consumidores de café ou chá com cafeína, como fumar.

“A cafeína está presente na dieta humana há muito tempo (…) Como muitas substâncias encontradas numa dieta normal, os danos na gravidez podem ser encontrados com doses altas [de cafeína]. No entanto, a natureza observacional destes dados com o seu viés inerente não indica com certeza que baixas doses de cafeína sejam prejudiciais, e o conselho que vigora para evitar altas doses de cafeína provavelmente não mudará”.

ZAP //

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