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Mistério resolvido? A estranha estrela rodeada de “megaestrutura alienígena” não está sozinha

NASA/JPL-Caltech

Uma nova pista que acaba de ser encontrada pode ajudar a resolver o mistério da estranha estrela Tabby. KIC 8462852 parece ter um companheiro binário que pode estar a contribuir para as suas quedas irregulares de brilho.

Os astrónomos observaram a estrela Tabby, também conhecida como KIC 8462852, pela primeira vez na década de 1890. Mas em 2015, Tabetha Boyajian, astrofísica da Louisiana State University, descobriu algo incomum – o brilho da estrela diminuía irregularmente durante um período de dias ou semanas.

As observações de Boyajian mostraram que, às vezes, o brilho da estrela reduzia apenas um pouco, mas noutros momentos, caía até 22%.

Investigações subsequentes de outra equipa de cientistas mostraram que o brilho geral da estrela – que está localizada a mais de mil anos-luz da Terra na constelação de Cygnus – também estava a diminuir com o tempo.

Agora, de acordo com o ScienceAlert, foi descoberta a presença de uma estrela companheira numa órbita ampla que poderia ajudar a explicar a presença de todo este material, fornecendo perturbações gravitacionais para quebrar corpos em órbita.

Uma equipa de astrónomos liderada por Logan Pearce, da Universidade do Arizona, tem tentado confirmar a presença de uma estrela próxima à KIC 8462852 desde 2016.

Pearce e a sua equipa usaram cinco anos de observações para fazer medições astrométricas precisas da estrela ténue que parecia estar perto de KIC 8462852.

Além das observações do Observatório Keck, a divulgação, em 2020, de dados astrométricos do satélite Gaia – o mapa tridimensional mais completo e preciso da Via Láctea até hoje – também incluiu a estrela ténue, com medições de acordo com as descobertas da equipa.

As duas estrelas estão separadas por uma distância de 880 unidades astronómicas. A estrela Tabby – KIC 8462852 A – é a estrela maior, com cerca de 1,36 vezes a massa e 1,5 vezes o tamanho do Sol. A companheira, KIC 8462852 B, é uma estrela anã vermelha com cerca de 0,44 vezes a massa e 0,45 vezes o tamanho do Sol.

Numa órbita tão ampla, KIC 8462852 B dificilmente teria qualquer efeito direto no brilho do KIC 8462852 A. Porém, poderia desempenhar um papel nas flutuações misteriosas da estrela maior. “O companheiro binário pode influenciar a evolução de longo prazo do sistema”, escreveram os investigadores.

Os cientistas descobriram anteriormente que binários estelares amplamente espaçados podem ser empurrados por forças gravitacionais maiores, para se moverem muito perto do seu centro de massa mútuo várias vezes ao longo de cerca de 10 mil milhões de anos.

Por sua vez, isso poderia resultar na rutura de planetas e outros pequenos corpos em órbita, onde são esticados e dilacerados por interações gravitacionais, resultando em nuvens de detritos.

O cenário ainda não foi confirmado. Numa separação tão ampla, as duas estrelas teriam uma órbita extremamente longa e as observações feitas não foram suficientes para caracterizar esta órbita.

KIC 8462852 B pode ser uma estrela que foi ejetada do sistema ou as duas estrelas podem ser membros de um grupo co-movente.

Os cientistas acreditam que um sistema binário é a explicação mais provável para as medições das duas estrelas, mas serão necessárias futuras medições para entender melhor a sua relação. Isso pode ajudar a confirmar ou descartar o papel do KIC 8462852 B no brilho errático da estrela.

O escurecimento irregular da estrela – que só foi visto em poucas outras estrelas – foi objeto de intenso debate entre os cientistas, que propuseram várias explicações, mas nenhuma das quais explica definitivamente o comportamento incomum.

Uma das hipóteses apresentadas afirma que as reduções de luz estão a ser causadas por uma nuvem de cometas em desintegração que orbitam a estrela. Outros cientistas até sugeriram que a existência de “megaestrutura alienígena” em redor da estrela poderia ser a responsável.

Em 1960, o físico americano Freeman Dyson propôs a ideia de que uma civilização alienígena extremamente avançada e sedenta de poder poderia, em teoria, aproveitar a maioria da energia da sua estrela hospedeira, construindo uma vasta estrutura em torno dela para absorver a sua radiação.

Alguns sugeriram que uma esfera de Dyson em redor da estrela de Tabby poderia estar a bloquear a sua luz de uma maneira incomum.

Em 2019, cientistas sugeriram que uma exolua órfã gradualmente a ser dilacerada poderia explicar o estranho comportamento obscuro da estrela Tabby.

Este estudo foi aceite para publicação na revista científica The Astrophysical Journal e está disponível na plataforma de pré-publicação arXiv.

Maria Campos, ZAP //

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