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Há estrangeiros que não conseguem ser vacinados e falam em “cidadãos de segunda classe”

Carlos Ramirez / EPA

Embora o Governo tenha criado uma plataforma para que cidadãos sem cartão de utente se possam vacinar, há estrangeiros que estão a ficar para trás.

O Governo criou, em março, uma plataforma para que estrangeiros sem cartão de utente pudessem inscrever-se para a vacinação contra a covid-19. Ora, ainda assim, há várias reclamações de estrangeiros que não conseguem ser vacinados e estão a “ficar para trás”.

Relatos citados pelo jornal Público mencionam a falta de uniformidade de regras em diferentes regiões. Se em Sintra a vacinação desta faixa da população está a correr sem problemas, esse não é o caso em Lisboa.

Na capital, a Casa do Brasil, que apoia a maior comunidade imigrante no país, alega que dos mais de 100 brasileiros que atendeu, nenhum tinha recebido SMS de confirmação da data e local da vacina.

“Isso já criou o sentimento nas pessoas de que são cidadãos de segunda classe”, diz Victor Hastenreiter, que faz atendimento na Casa do Brasil.

Os dados do Ministério da Presidência indicam que foram submetidos mais de 150 mil registos na plataforma. Desses, apenas foram vacinados mais de 8.600 inscritos, havendo 1.500 com agendamento para breve. No total já foram vacinados mais de 291 mil estrangeiros até 2 de agosto.

No âmbito deste processo, foram ainda atribuídos desde março 22.601 números nacionais de utente. No entanto, a Casa do Brasil refere que nem todos os centros de saúde estão a atribuir número de utente provisório.

“Os próprios centros de saúde agem de maneira diferente, não há um protocolo geral. Cria-se uma angústia”, argumenta a Casa do Brasil.

Além disso, Ana Mansoa, do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), diz que não se sabe qual o critério que rege a chamada das pessoas.

Ao que parece, primeiro estão a ser chamados os estrangeiros que, de facto, conseguiram o número de utente provisório. Contudo, há gente a ficar para trás que já devia ter sido vacinada há muito tempo. Principalmente tendo em conta que já estão a ser vacinados jovens.

“Sentimos que as coisas estão a andar de fora muito lenta. Já nos disponibilizámos para colaborar neste processo porque o que faria sentido era funcionar em regime de casa aberta ou unidades móveis”, diz Ana Mansoa ao Público.

Daniel Costa, ZAP //

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