Golfinho-roaz fixou um novo recorde para a distância mais longa alguma vez nadada

Serguei S. Dukachev / Wikimedia

Golfinhos roaz-do-índico (Tursiops aduncus)

Tidos como uma espécie pouco dada a movimentações para além da sua zona de residência, os golfinhos roazes surpreenderam a comunidade académica com este comportamento. 

Um grupo de cientistas detetou o mais longo movimento registado num golfinho roaz: cerca de 2.053 km percorridos. O estudo, “O movimento mais longo registado de um golfinho roaz-corvineiro comum (Tursiops truncatus) da investigação sobre o golfinho detentor de recordes mundiais”, publicado no Mammalian Biology, teve início em fevereiro de 2020, quando os investigadores da Unidade de Investigação de Mamíferos Marinhos da Universidade (SMRU) e Morigenos, fotografaram um golfinho ao largo da costa de Piran, Eslovénia. O indivíduo não havia sido avistado ali anteriormente.

Os investigadores deram-lhe o nome de Prešeren, devido ao facto de ter sido avistado no Dia de Prešeren, um feriado nacional esloveno dedicado à poetisa França Prešeren. Passado um mês, foi avistado novamente nas redondezas. Por mera coincidência, quando se encontrava a assistir a uma palestra de Francesca Blasi, uma colega italiana, Tilen Genov, o autor principal da investigação aqui retratada, reconheceu uma barbatana que constava numa das fotografias exibidas.

Após um exame cuidadoso de todas as fotografias disponíveis, os investigadores determinaram conjuntamente, sem margem para dúvidas, que se tratava do mesmo golfinho, que foi originalmente chamado Lino pelos investigadores italianos. Isto queria dizer que Prešeren teve de percorrer pelo menos 1.251 km para chegar à Eslovénia a partir do Mar Tirreno, a norte da Sicília, quebrando todos os recordes mediterrânicos existentes e a maioria dos recordes mundiais também.

As surpresas não se ficam por aqui. Após terem apresentado os seus resultados preliminares numa conferência internacional online, os investigadores foram contactados por outra equipa de Delfini Del Ponente, que estuda golfinhos no Mar da Ligúria, Itália. Acontece que também este grupo de investigadores fotografou o mesmo golfinho, apenas seis meses depois de ter sido observado ao largo de Piran.

Desta vez, Prešeren teve de percorrer um mínimo de 2.053 km (sendo este o caminho mais curto possível), o que constitui o movimento mais longo alguma vez registado e o segundo mais longo para a espécie em geral. O único movimento registado que foi mais longo foi um de um ecótipo de golfinho roaz-corvineiro (indivíduos apresentam diferenças genotípicas que proporcionam melhor adaptação aos diferentes habitats), identificado através de um transmissor de satélite após um período de reabilitação no cuidado humano.

“Os golfinhos roazes são geralmente considerados como uma espécie relativamente residente, com uma forte fidelidade à sua área de residência. Isto é sobretudo verdade, mas as nossas novas descobertas, juntamente com uma revisão da literatura existente que realizámos, mostram que esta espécie é muito mais móvel do que pensávamos anteriormente”, apontou Tilen Genov, citado pela Phys.

“Isto é importante em relação ao fluxo genético entre as populações, o que é crucial na conservação a longo prazo desta espécie, mas também demonstra a importância da colaboração internacional na conservação da biodiversidade. Tais descobertas contribuem para uma melhor compreensão das espécies, o que indiretamente conduz a uma melhor compreensão dos ecossistemas marinhos“.

ZAP //

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