Estados Unidos restauram Ernestina, a escuna que transportou milhares de cabo-verdianos para o país

 

O estado de Massachusetts vai gastar cerca de 1.5 milhões de euros no restauro da escuna Ernestina, um barco que trouxe milhares de emigrantes cabo-verdianos para o país no século XX.

O deputado estadual António Cabral, de origens portuguesas, disse à agência Lusa que a comunidade está “absolutamente entusiasmada” com a notícia.

“Este navio representava a oportunidade de vir para o novo mundo. Servia como um paquete que transportava emigrantes e mercadorias entre Cabo Verde e New Bedford”, explicou António Cabral.

O representante diz que a Ernestina “foi uma oferta da república de Cabo Verde aos Estados Unidos para comemorar os laços históricos entre as duas nações” e que esse acto é agora honrado com a restauração do navio.

A embarcação vai tornar a navegar, passando a oferecer programas educacionais e outras oportunidades.

António Cabral acredita que o investimento vai iluminar a relação entre os Estados Unidos e os países lusófonos.

“A história deste navio, que começou como uma embarcação de pesca, demonstra na perfeição os laços culturais entre Cabo Verde e os EUA, bem como outros países de expressão portuguesa”, disse o deputado.

O navio nasceu a 1 de Fevereiro de 1894, com o nome “Effie M. Morrissey“, e funcionou durante anos como navio de pesca, sobretudo bacalhau.

Foi depois vendido três vezes, trabalhando no transporte de mercadorias. Durante a 2ª Guerra Mundial, foi requisitado pelo governo norte-americano para levantamento das costas da Gronelândia.

No final do conflito, foi vendido a dois irmãos de Nova Iorque, que tencionavam levá-lo para os mares do Sul, mas desistiram depois um incêndio no convés. O navio foi então vendido ao Capitão Henrique Mendes e à sua irmã, Louise Mendes.

Em 1948, a escuna foi batizada como Ernestina, em honra da filha do dono, e começou uma nova vida como paquete nas Ilhas de Cabo Verde.

Na primeira viagem, transportou 50 toneladas de comida e apenas um passageiro. Ao longo dos anos 50, transportou milhares de passageiros entre os dois países.

Depois de ser vendido uma última vez, Cabo Verde decidiu fazê-lo regressar aos EUA como presente. Chegou a Massachusetts, estado onde existe a maior comunidade cabo-verdiana, em 1982. Nos últimos anos, o seu estado deteriorou-se, o que motiva agora o novo restauro.

/Lusa

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