Empresa está mapear como os psicadélicos produzem mudanças específicas na consciência — e como replicá-las com precisão.
É aparentemente uma nova fronteira no tratamento da saúde mental: a startup de biotecnologia Mindstate Design Labs lidera uma abordagem científica para criar experiências psicadélicas personalizadas.
A empresa quer trazer previsibilidade e precisão à terapia psicadélica, combinando inteligência artificial com investigação farmacológica.
Tradicionalmente associadas a experiências imprevisíveis e intensas, as substâncias psicadélicas estão a ser reimaginadas como ferramentas para intervenções específicas na saúde mental.
No centro da abordagem da Mindstate está o “Osmanthus”, um modelo de linguagem de grande escala treinado com milhares de relatos de experiências, textos científicos e dados de ligação a recetores. O objetivo é identificar correlações entre compostos específicos e os estados de consciência que provocam, permitindo assim o desenho de efeitos psicadélicos “programáveis”.
A Food and Drug Administration aprovou o início de um ensaio clínico de Fase 1 nos Países Baixos.
O Big Think explica que esse ensaio vai testar um composto menos conhecido, denominado “moxy” (5-MeO-MiPT), sintetizado originalmente em 1985 pelo conceituado químico Alexander Shulgin. Conhecido pelos seus efeitos suaves e consistentes, o moxy está a ser posicionado como base para medicamentos combinados destinados a induzir estados mentais e emocionais específicos.
“O moxy é como tofu psicadélico”, explica Dillan DiNardo, diretor da empresa Mindstate – tem capacidade de absorver as características de outros compostos sem efeitos avassaladores. Isso torna-o ideal para uso modular em terapias combinadas, nas quais se podem visar resultados concretos — como a redução da ansiedade ou o aumento da empatia — com maior precisão.
A visão da Mindstate vai além da terapia. Ao mapear a relação entre a ação das substâncias e a experiência subjetiva, a empresa espera aprofundar o conhecimento científico sobre a própria consciência humana.
O Osmanthus já revelou perceções inesperadas – como os componentes subtis das chamadas experiências místicas – e a empresa pretende usar esses dados para construir uma taxonomia abrangente da consciência humana sob a influência de psicadélicos.
Há potencial, mas há desafios. Como sempre.
Aqui, os efeitos psicadélicos variam consoante o contexto e a psicologia individual, levantando questões sobre a fiabilidade das previsões geradas por IA. A Mindstate reconhece estas complexidades e sublinha a importância da intervenção humana no treino da IA e na interpretação dos resultados.
Por agora, a empresa está focada em demonstrar a segurança e o potencial farmacológico do moxy. Se for bem-sucedida, a próxima fase passa por ver se as previsões do Osmanthus se confirmam em ambientes clínicos reais — abrindo potencialmente caminho para uma nova era de medicina psicadélica personalizada.