O Estado português não utilizou a pandemia de covid-19 que assola todo o mundo para tentar reduzir os custos de realização da cimeira tecnológica Web Summit de 2020, apesar de o contrato firmado permitir fazê-lo.
A notícia é avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso que dá conta que o contrato assinado com a Connected Intelligence Limited (CIL) permite dispensa de pagamentos e indemnizações, mas Câmara de Lisboa e Governo não invocaram a pandemia.
Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit e líder da CIL, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, confirmaram o pagamento foi feito sem descontos, tendo o autarca lisboeta confirmado a decisão com a importância estratégica do evento, que vai decorrer virtualmente entre 2 e 4 de dezembro.
O contrato, citado pelo Expresso, dá conta que a Câmara de Lisboa paga 3 milhões de euros por ano à CIL para a realização da Web Summit em Lisboa.
IAPMEI, AICEP e Turismo de Portugal, tutelados pelo Ministério da Economia, assumem a verba restante que compõe o total de 11 milhões de euros, valor que Paddy Cosgrave diz que se refere apenas a a parte dos custos assumidos pelo Estado português.
Em entrevista ao Eco, Paddy Cosgrave diz não equacionar mudar o local de realização da cimeira. “Não pensámos em nada do género desde que decidimos que Portugal ia tornar-se a nossa casa até 2028 (…) Talvez a casa permanente do Web Summit”.
Sobre os 11 milhões pagos pelo Governo, o responsável afastou-se da polémica.
“Vi, claro, as questões levantadas pela oposição. É importante que, em qualquer democracia, exista uma oposição vibrante que desafie o Governo. Mas é política doméstica, não é algo em que me envolva e não quero ser visto a criticar um partido político na sua visão sobre outro. Como empresa, estaremos abaixo cerca de 30 milhões, estamos a perder uma grande quantidade de dinheiro. Foi, obviamente, o ano mais difícil de sempre para nós, mas muitos negócios estão no mesmo barco”.