Esquemas de certificados de aforro falsos deixam poupanças a zero

Wiebke Heuser / Flickr

Alegadas empresas de investimento de capitais enganaram centenas de portugueses, que perderam milhares de euros.

Foram centenas de pessoas enganadas, milhares de euros para criminosos, com referências ao CTT pelo meio.

A RTP revela histórias das vítimas de alegadas empresas de investimento de capitais, que convenceram as pessoas a investir em alegados certificados de aforro com rentabilidade acima da média. Eram falsos.

As pessoas viam anúncios em plataformas online, alguns com o nome CTT; e investiam em supostos certificados de aforro.

Num caso, a vítima começou por investir 250 euros mas recebeu um telefonema de alguém: “Disse-me que, com 250 euros, não íamos a lado nenhum. E então pede-me 35 mil euros“.

Em alguns casos, foram investidas poupanças de uma vida inteira. Que depois deram em nada, em poucas semanas: “De um momento para o outro fiquei sem dinheiro. O total das minhas perdas foi mais do que 90 mil euros“.

Uma plataforma que se destacou nestes crimes foi a InvestFW, que usava precisamente o símbolo do CTT – e que entretanto já desapareceu da internet. A CTT avisou que a sua marca estava a ser usada para fins criminosos.

As vítimas não estavam a investir em certificados de aforro, mas sim em produtos financeiros de alto risco, nomeadamente CFDs, contratos por diferença: a pessoa não negoceia acções; está a entrar num mundo de oscilações, de especulação sobre o movimento do preço. São produtos alavancados, com lucros ou perdas multiplicadas – que podem originar perdas totais em muito pouco tempo.

Mas as vítimas não sabiam disto. E eram convencidas a enviar cada vez mais dinheiro, através de conversas diárias (e persistentes, várias por dia) ao telefone.

Nesses aliciamentos pelo telefone, os criminosos diziam às vítimas que, se não investissem mais, perderiam todo o dinheiro que tinham enviado até então.

Era um ambiente de medo, de ameaças, por parte de alegados gestores de conta que utilizaram identidades falsas.

Franklin Carneiro da Silva, analista financeiro, deixou dois alertas essenciais: este tipo de pressão não é feita por empresas oficiais e, quando é apresentada uma rentabilidade acima da média, o melhor é desconfiar e “fugir”.

E que fique claro: o dinheiro não vai ser recuperado.