Mudam os presidentes, mas quem manda em Espinho é Pessegueiro

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Manuel de Almeida / Lusa

O deputado do PSD Joaquim Pinto Moreira

Antes de Miguel Reis, também Joaquim Pinto Moreira terá ajudado a empresa Construções Pessegueiro, ao atrasar propositadamente licenciamentos.

Miguel Reis foi detido há uma semana, por diversos crimes económicos alegadamente cometidos no licenciamento de obras. É suspeito de corrupção.

O ainda presidente da Câmara Municipal de Espinho, que entretanto deverá abandonar o cargo, ficou em prisão preventiva.

Quem também ficou em prisão preventiva foi Francisco Pessegueiro, dono da empresa de construção civil Construções Pessegueiro, alegadamente beneficiada por Miguel Reis.

O autarca terá atrasado licenciamentos urbanísticos de concorrentes para beneficiar as vendas do 32 Nascente, um empreendimento habitacional das Construções Pessegueiro.

Na altura da detenção, o chefe de gabinete de Miguel Reis assegurou que o caso estava relacionado com o mandato do presidente anterior, Joaquim Pinto Moreira.

Nesta terça-feira o Jornal de Notícias reforça que Pinto Moreira tinha feito o mesmo: atrasar os licenciamentos urbanísticos de um projecto do Grupo Fortera, igualmente para ajudar a Construções Pessegueiro.

Essa é a tese do Ministério Público, indica o jornal: Pessegueiro abordou Pinto Moreira para este atrasar o adversário, até que o projecto das Construções Pessegueiro fosse aprovado.

E o antigo presidente terá concordado, de acordo com a Polícia Judiciária e o Ministério Público, na investigação do Departamento de Investigação e Acção Penal Regional do Porto, relacionada com a Operação Vórtex.

Luís Montenegro, líder do PSD, revelou na semana passada que Pinto Moreira iria renunciar ao cargo de vice-presidente do grupo parlamentar do PSD.

Quando em 2021 o PSD deixou de liderar a Câmara Municipal de Espinho, sendo substituído pelo PS, o empresário responsável pela comercialização dos empreendimentos Pessegueiro, Paulo Malafaia, ficou preocupado.

No entanto, soube que o vereador do Urbanismo, José Costa, iria continuar no cargo. E, por isso, o caso estaria controlado.

Entretanto, Malafaia conseguiu um comprador para o projecto das Construções Pessegueiro – para assegurar a ajuda da Câmara, terá entregado 5 mil euros a Miguel Reis.

E ainda terá ficado a garantia extra: se fosse preciso aumentar a rua onde ficará o empreendimento, a Construções Pessegueiro nunca teria prejuízo. Ou a construção aumentaria, ou a despesa seria paga por todos os vizinhos.

ZAP //

5 Comments

  1. infelizmente o que se verifica em espinho é transversal a muitas câmaras…
    Queremos bons gestores mas pagamos salários de técnicos depois dá nisto…
    Queremos bons politicos mas os politicos são quase todos derivados dos jotinhas sem qualquer competencia ou experiencia. Quem é trabalhador e honesto ganha muito mais no privado e não queima o nome na praça publica…

  2. Fala-se da Câmara de Espinho, como se pode falar de outra câmara qualquer. Os licenciamentos são a conta gotas (toda a gente sabe) e os obstáculos camarários são mais que muitos, para se conseguir fazer o que quer que seja.
    Certamente que haverá funcionários que cumprem com o seu papel, mas a cultura instalada nas câmaras há muitos anos, é esta. Mudam os presidentes, mas a cultura interna fica sempre instalada, como se nada tivesse acontecido. É muito estranho tudo isto. Os presidentes que entram, desconhecem a cultura instalada, ou pactuam com ela?
    Arranjar provas é complicado e só por denúncia alguma coisa se poderá adiantar, uma vez que tudo é feito em rigoroso segredo.
    Dê por onde der, a coisa publica em Portugal está podre e só quem souber mover-se no meio de tanta podridão, conseguirá fazer o que precisa.
    Se as câmaras forem investigadas (porque estamos perante situações de esbulho generalizado), os portugueses irão ficar verdadeiramente surpreendidos.

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