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É possível reabilitar um corrupto? Espanha está a tentar fazê-lo

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Cati Cladera / EPA

A infanta Cristina e o marido Inaki Urdangarin

Há vários detidos, como o cunhado do rei Felipe VI Inaki Urdangarin ou o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas, que já participam ou pediram para ser incluídos neste programa considerado pioneiro.

É possível reabilitar uma pessoa condenada por corrupção? Segundo a rede de televisão RT, é a esta questão que Espanha está a tentar responder, através de um programa pioneiro a nível mundial, anunciado em novembro do ano passado, que já está a dar os primeiros passos.

O Programa de Intervenção em Crimes Económicos, conhecido como PIDECO, foi posto em marcha pelo Ministério do Interior espanhol e pode ser frequentado por detidos, condenados pelos chamados crimes de colarinho branco, de forma voluntária.

De acordo com os dados mais recentes, de outubro de 2020, é um programa que se encontra à disposição de 2044 pessoas condenadas por este tipo de crime, o que representa 5,6% da comunidade prisional do país. Até agora, 89 presos já participaram.

Segundo conta esta rede televisiva, o programa está a ser levado a cabo por 40 profissionais ligado à área da Psicologia e está presente em nove estabelecimentos prisionais, embora o objetivo seja chegar a 31 em breve e a nove centros de reinserção social.

Este grupo de trabalho desenvolve 32 sessões terapêuticas em grupo semanais, com duração de três horas, que acontecem durante 10 ou 11 meses, às quais se juntam depois as sessões de justiça restaurativa (que consistem em estabelecer encontros com pessoas afetadas por estes crimes económicos, quer sejam vítimas diretas ou indiretas dos presos).

Os trabalhos para desenvolver este programa prolongaram-se durante dois anos, tendo sido feito um trabalho de campo com 28 presos, o que permitiu, por sua vez, traçar um perfil destas pessoas.

Os investigadores concluíram que os condenados por corrupção são pessoas que acreditam ter o que merecem, narcisistas, egocêntricas, pouco altruístas e que não têm empatia pelas vítimas. Consideram ainda que têm valores sociais, mas encontram sempre exceções para os ignorar e têm sempre justificação para os seus comportamentos.

“Ouvi muitas vezes estas pessoas dizerem que não precisavam de tratamento porque já se consideravam plenamente reintegradas na sociedade”, contou o secretário-geral das Instituições Penitenciárias, Ángel Luis Ortiz.

Ou seja, devido à sua formação e nível socioeconómico, são vistos pela maioria da sociedade, e até por si mesmos, como pessoas que não precisam de nenhum apoio com vista à sua reintegração quando saírem da prisão, o que dificulta a sua compreensão sobre as suas condutas e o objetivo de não voltarem ao mesmo caminho.

Entre os participantes, ou aqueles que já mostraram vontade em participar no programa, estão algumas caras conhecidas em Espanha como, por exemplo, o cunhado do rei Felipe VI e marido da Infanta Cristina, Inaki Urdangarin, e o ex-tesoureiro do Partido Popular (PP), Luis Bárcenas.

ZAP //

6 Comments

  1. CORRUPÇÃO – O programa surge bem na atual fase de escândalos envolvendo membros da Família Real Espanhola. Quanto ao efeito a produzir reabilitação é duvidoso, pois, os “caras de paus” voltam com os rostos “envernizados” e arrependidos, mas, punição . Nada. É aquela velha história ” a vara enverga nas costas do rico (nobre) e parte nas costas do pobre (plebeu)”” . É o que pensa joaoluizgondimaguiargondim- [email protected]

  2. Uma fantochada criada com o simples propósito de “reabilitar” esse mesmo artista para lhe tirar anos de piltra

  3. Se a Espanha não conseguir, que os mande ao Brasil. Aqui condenados em segunda instância são soltos e podem concorrer à presidência da República, enquanto os juízes que os condenaram são condenados.

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