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Espanha é rival de Portugal: nova lei atrai nómadas digitais (e vai mais longe)

Visto para trabalhadores remotos vai beneficiar 23 mil startups em Espanha. Nómada é “apenas uma forma estranha de turismo”.

O teletrabalho já existia muito antes de o coronavírus ter fechado o mundo. Mas a pandemia multiplicou (e de que maneira) o número de trabalhadores remotos.

Nesse contexto, há municípios – sobretudo no interior, como seria de esperar – a tentar cativar mais pessoas, para terem mais habitantes em zonas que caminham para um vazio humano.

Foi o caso de Bragança, por exemplo, onde a Câmara Municipal pagou casa e internet a quatro famílias durante um mês, sob o lema “liberdade para viver, liberdade para trabalhar e liberdade para poder ligar ou desligar” – embora nem sempre resulte.

Mesmo a nível nacional, o panorama tem sido outro para os denominados “nómadas digitais”.

Há cerca de dois anos, foi aberta a primeira Vila Nómada Digital em Portugal, na Madeira. Um projecto-piloto que visa “criar uma comunidade de nómadas digitais”. Palavras do mentor da ideia, Gonçalo Hall, que considera que “Portugal tem tudo para ser o líder” nesta área.

Há três meses, foi aprovado uma espécie de visto para os nómadas digitais, uma lei que prevê que é possível trabalhar à distância, a partir de Portugal, pelo período de um ano. E tem atraído pessoas de diversos países, com mais de 200 vistos emitidos, nas primeiras semanas.

Mas aqui ao lado, em Espanha, está a seguir-se o mesmo caminho.

O canal Euronews reforça que há um novo visto no país vizinho, permite que os nómadas digitais permaneçam em Espanha durante, no máximo, três anos.

A nova legislação inclui benefícios fiscais para investidores, trabalhadores e startups, durante os seus primeiros cinco anos.

É uma nova lei que tenta atrair profissionais altamente qualificados. E prevê-se que vá beneficiar 23 mil startups em Espanha.

Até há comunidades de pessoas que trabalham à distância em Espanha. A maior é a Repeople: “Tive uma ideia. Vi esta comunidade de nómadas digitais e disse para mim mesmo: ‘precisamos de facilitar a flexibilidade das famílias’, mas não podia porque tinha o visto errado”, contou Shane Pearlman.

“Usamos a palavra nómada, mas nómada é apenas uma forma estranha de turismo. Mas quando se quebra esse ciclo de outsider e se fica o tempo suficiente para começar a conhecer os vizinhos, é aí que a química e a inovação acontecem, é aí que se criam empregos e isso leva tempo”, continuou o parceiro da Repeople.

Há também eventos nacionais, onde os nómadas digitais e as empresas espanholas estabelecem relações e possíveis alianças.

Jose Bayón, director-executivo da Empresa Nacional de Inovação Espanhola, sublinhou: “Estes são os anos em que é preciso reter mais talentos para poder crescer. É por isso que as deduções fiscais em stock options e os investimentos dedutíveis também são fundamentais”.

ZAP //

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