Um jornalista eslovaco e a namorada foram assassinados, em casa, na cidade de Velka Maca, a leste de Bratislava. Jan Kuciak estava prestes a publicar um artigo sobre corrupção de alto nível envolvendo a máfia italiana e políticos.
O assassinato de Jan Kuciak e da namorada, Martina Kusnirova, conhecido no fim-de-semana, deixou a Eslováquia em choque e o crime foi condenado por dirigentes da União Europeia e outras organizações internacionais, que o apelidaram de homicídio “cobarde”.
“Estou chocado com as terríveis notícias do assassinato de Jan Kuciak e da sua noiva. Condeno este ato cobarde. Matar ou intimidar jornalistas não tem lugar na Europa ou em qualquer democracia”, disse o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
“Peço às autoridades que utilizem todos os meios para que os autores deste cruel crime duplo sejam trazidos à justiça”, apelou Harlem Désir, através de comunicado.
“Não podemos aceitar uma nova realidade na qual os jornalistas se tornam alvos habituais por fazerem o seu trabalho de pesquisa”, avisou o representante.
O jornalista, de 27 anos, trabalhava para a página aktuality.sk, e era especializado em assuntos ligados a corrupção, entre os quais os que dizem respeito a possíveis ligações entre o mundo dos negócios e o partido SMER-SD, do primeiro-ministro, Robert Fico.
O site e outros meios do mesmo grupo publicaram uma versão inacabada do artigo de Kuciak sobre as alegadas relações políticas de empresários italianos suspeitos de estarem ligados à máfia calabresa ‘Ndrangheta, que operaria no leste da Eslováquia.
Alguma imprensa fez eco deste artigo, suscitando críticas do primeiro-ministro, que mostrou aos jornalistas várias pilhas de notas, representando um prémio de um milhão de euros para qualquer informação que possa ajudar a encontrar os responsáveis do crime.
“Ligar, sem provas, pessoas inocentes a um duplo homicídio é passar da linha“, disse o chefe do Governo.
Os corpos do jornalista e da companheira foram encontrados no domingo na sua casa em Velka Maca, a cerca de 65 quilómetros a leste de Bratislava. O duplo homicídio foi cometido entre quinta e domingo e a polícia encontrou munições perto dos corpos das vítimas.
O assassinato na Eslováquia aconteceu depois de, em Malta, ter sido morta a jornalista que liderava a investigação aos Panama Papers, Daphne Caruana Galizia, e que denunciou crimes e corrupção na ilha do Mediterrâneo.
// Lusa