Um aclamado escritor chinês foi condenado à morte 23 anos depois de ter assassinado quatro pessoas, crimes que serviram de inspiração às suas obras.
Segundo o Daily Mail, Liu Yongbiao e um cúmplice roubaram e mataram quatro pessoas depois de deixarem uma guesthouse onde tinham pernoitado. A dupla de criminosos nunca foi apanhada e, nas duas décadas que se seguiram, o homem de 53 anos tornou-se um aclamado escritor na China.
O caso ficou por resolver durante 23 anos por falta de provas. As autoridades chinesas explicaram que o estabelecimento onde ocorreu o crime não tinha quaisquer dados dos hóspedes, tornando-se impossível localizar os suspeitos. Além disso, também não havia câmaras de videovigilância que pudessem ter captado os criminosos.
Em agosto do ano passado, numa entrevista à China Central Television Station, depois de a polícia ter encontrado vestígios de ADN e de ter detido o escritor, Liu confessou que algumas das suas obras eram inspiradas nos seus pensamentos sobre o crime mas que não se atreveu a criar qualquer personagem baseada nas pessoas que matou.
Ao recordar o assassinato, Liu disse ao repórter da estação televisiva que ele e o seu cúmplice tinham usado corda, paus e martelos para matar estas pessoas e que tinha sido uma coisa “tão cruel” que merecia “morrer 100 vezes” pelo que tinha feito.
Liu também confessou que mataram um dos hóspedes que partilhou o quarto com eles porque lhes pareceu uma pessoa rica, embora depois só tenham encontrado um relógio, um anel e dez yuan (uma quantia equivalente a um euro).
Os vestígios de ADN, encontrados em junho do mesmo ano na saliva que estava numa beata de cigarro, foram essenciais para chegar ao escritor. Durante dois meses, a polícia viajou por 15 províncias chinesas e comparou dados de mais de 60 mil pessoas para encontrar os suspeitos.
Na mesma entrevista, Liu disse que percebeu que as autoridades estavam novamente a investigar o caso, no entanto, como as memórias do crime o assombraram ao longo dos anos, concordou em fornecer a sua amostra de ADN.
Na altura, o aclamado escritor pediu à mulher e à filha que fossem embora enquanto estava a aguardar pelos resultados e também falou com o cúmplice, que vivia em Shanghai, para finalmente enfrentarem o seu destino. Dois dias depois, os testes feitos em laboratório confirmaram que a saliva encontrada no cigarro era a de Liu.
Esta segunda-feira, durante o julgamento em Huzhou, na província chinesa de Zhejiang, os dois criminosos foram condenados à morte pelo chocante assassinato que ocorreu a 29 de novembro de 1995.