A procura de materiais para construção como madeira, aço, PVC e alumínio é elevada, mas a sua escassez também. Esta junção está a provocar um efeito inflacionário que pode fazer disparar os custos das obras e, por consequência, das casas.
O presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), Reis Campos, disse, ao Diário de Notícias, que o betão já registou variações médias superiores a 35% devido à forte escalada nos mercados internacionais de matérias-primas, acrescentando que o aço, o alumínio e o cobre “estão a atingir máximos históricos”.
Para o diretor-geral da gestora de obras GesConsult, Nuno Garcia, os prazos das obras podem ficar comprometidos pelos atrasos nas entregas e os custos finais bastante inflacionados.
Segundo o gestor, as empresas estão a ser confrontadas com “uma subida de preços de entre 30 e 50%, com tendência para aumentar nos próximos meses”.
Desde o início do ano que se verifica “um encarecimento progressivo de algumas matérias-primas, acentuado a partir de março, nomeadamente na madeira, aço e PVC, fruto de uma procura intensa não só da construção civil, mas de toda a indústria”.
Reis Campos diz que a covid-19 é o ponto de partida para as dificuldades. “A pandemia gerou uma dupla disrupção, quer ao nível da oferta, quer da procura, da quase totalidade da cadeia produtiva, com repercussões a uma escala sem precedentes – dificuldades nas cadeias de logísticas, períodos de confinamento, restrições à circulação”.
O problema tem uma dimensão global, mas em Portugal, as construtoras já admitem que, a manterem-se estas subidas, não será comportável para as empresas assumirem o diferencial.
O setor da construção foi um dos poucos que se mantiveram sempre no ativo, mesmo nos períodos de confinamento, e com bons ritmos de atividade.