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A ESA está a pagar 5 mil euros a voluntários para se deitarem na cama durante 10 dias

Ficar deitado durante 10 dias num colchão de água. Sim, é só isso que a Agência Espacial Europeia está a pedir — a troco de 5 mil euros.

O objetivo dos cientistas europeus é simular os efeitos dos voos espaciais no corpo humano. Conhecida como a experiência Vivaldi, a investigação já está a decorrer na clínica espacial Medes em Toulouse, França, e vai ajudar-nos a perceber melhor o impacto da ausência de peso prolongada nos astronautas e a desenvolver soluções para futuras missões espaciais.

Já na sua terceira e última fase, a experiência Vivaldi envolve este mês 20 cobaias do sexo masculino, divididos em dois grupos, explica a ESA em comunicado. Um grupo é submetido a um estudo de banho de imersão a seco de 10 dias, enquanto o outro participa numa fase de repouso de 10 dias, com a cabeça para baixo.

Durante a imersão em seco, os voluntários deitam-se em recipientes semelhantes a banheiras, cobertos com tecido impermeável, que os suspende na água, sem contacto direto. É uma “cópia” da sensação de flutuação sentida no Espaço, que simula as condições de microgravidade.

Durante os 10 dias de imersão, os participantes ficam em contentores especializados. E para comer? As refeições chegam-lhes em tábuas flutuantes e utilizando uma almofada de pescoço como apoio. Para ir à casa de banho? Fácil: é passar para o carrinho, mantendo a inclinação do corpo, enquanto os cientistas fazem os testes necessários.

A imersão em seco já foi usada noutras experiências da ESA, antes com mulheres.

“Ao prolongar a duração da imersão em seco e ao compará-la com o repouso na cama, estamos a aperfeiçoar a nossa compreensão de como estes análogos simulam a vida no Espaço”, explica Ann-Kathrin Vlacil no mesmo comunicado.

Com a perda de peso no Espaço, os astronautas perdem densidade muscular e óssea e sofrem alterações na forma dos olhos e deslocações de fluidos para o cérebro. A imersão seca e o repouso na cama de cabeça para baixo simulam estes efeitos e vão permitir aos investigadores analisar alterações fisiológicas (respostas neurológicas, cardiovasculares e metabólicas, mas também flutuações hormonais, reações do sistema imunitário e a relação entre a visão e o sistema nervoso).

E de facto, o limite não é o céu: a experiência Vivaldi pode também ajudar aqueles que ficam na Terra.

“É essencial fazer a ponte entre os voos espaciais e a investigação em terra. As nossas descobertas têm implicações significativas para a medicina terrestre, particularmente em condições relacionadas com o envelhecimento“, adianta Marc-Antoine Custaud, investigador da Universidade de Angers, em França.

Tomás Guimarães, ZAP //

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