A ERC registou o Notícias Viriato como “publicação de informação”, em novembro do ano passado, quando o projeto do Medialab diz que se trata, na verdade, de um “site de propaganda”.
Segundo o Diário de Notícias, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) registou, em novembro, como “publicação periódica de informação geral” um site sob vigilância no projeto “Monitorização de propaganda e desinformação nas redes sociais”, do Medialab do ISCTE/Instituto Universitário de Lisboa.
O site em questão, chamado Notícias Viriato (NV), foi lançado em junho do ano passado e apresenta-se como “um jornal diário online” e “um projeto de informação e comunicação”. No entanto, segundo o sociólogo Gustavo Cardoso, coordenador do Medialab, trata-se de “um site de propaganda”.
“O site partilha uma visão ideológica que o afasta de poder ser um órgão de comunicação social tal como é entendido pela maioria dos profissionais jornalistas, académicos e público em geral”, afirma ao jornal.
De acordo com o DN, o site não tem qualquer jornalista entre os seus responsáveis e já foi mais do que uma vez alvo de fact-checks pelo Observador, assim como pelo site especializado Polígrafo.
Segundo a análise do Medialab, a grande maioria dos conteúdos do site são “traduções/adaptações de artigos de outras fontes, por vezes órgãos de comunicação social reconhecidos, outras vezes websites com pendor nacionalista e/ou de extrema direita“, para além de entrevistas de produção própria a figuras conotadas com a direita, sobretudo a mais conservadora e nacionalista, ou até mesmo com a extrema-direita, escreve o diário.
O DN destaca que a página de Facebook deste site é, de entre as mais de 40 monitorizadas pelo Medialab, “a quinta com mais interações” e tinha sido aquela que mais cresceu nos últimos dias. Isto por causa de duas publicações, nomeadamente uma de 9 de janeiro em que se acusa “rapazes ciganos” da morte de Luís Giovani, jovem cabo-verdiano violentamente agredido em Bragança.
Em declarações ao jornal, Leonete Botelho, presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, considera que o NV “não se pode considerar um jornal, porque desde logo tem de ter jornalistas e praticar jornalismo”.