Equipas de obstetrícia poderão ser deslocalizadas entre urgências. “Pagas por igual e sem ‘leilões’ para tarefeiros”

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Mário Cruz / Lusa

A partir da próxima semana haverá um planeamento para evitar o encerramento nos serviços de urgência, podendo haver concentração de serviços ou a mobilização de profissionais, disse o coordenador da comissão que acompanha a resposta na ginecologia-obstetrícia, o médico Diogo Ayres de Campos.

Em entrevista ao Jornal de Notícias, indicou que a comissão vai propor a criação de uma base de dados para centralizar as capacidades de cada hospital e, assim, manter os serviços abertos, podendo mesmo haver deslocalização de equipas, pagas por igual e sem ‘leilões’ para tarefeiros.

“Neste momento, não queremos que haja mais situações de risco decorrentes dos encerramentos conjuntos de vários hospitais. A prioridade são os próximos 15 dias”, indicou o responsável.

De acordo com o médico, para garantir que não se repetem encerramentos simultâneos de urgências obstétricas, é necessário haver “informação fidedigna de todo o país”. “Muita da informação sobre os encerramentos passa de forma pouco precisa, como a maternidade que ‘está encerrada’ quando apenas está encerrada a sala de partos. Assim, estabelecemos níveis de contingência”, referiu.

“É muito importante definir (…) níveis, muito claros, para sabermos como estará cada hospital do Serviço Nacional de Saúde [SNS] no próximo mês, podermos planear, evitar contingências ao mesmo tempo e propor soluções mais radicais ao Ministério da Saúde. Se for necessário, concentrar serviços“, acrescentou.

Quanto à base de dados, cabe à comissão construí-la e ao Ministério da Saúde definir a estratégia de comunicação. A comissão, referiu, “é constituída por pessoas no seu tempo livre, ‘pro bono’, mas não tem armas para informar a população. Falou-se em várias alternativas: o portal do Ministério da Saúde, a linha SNS24, mas o método definitivo cabe à tutela, que tem capacidade de o implementar”.

A comissão recomenda que a comunicação tenha, “pelo menos, uma semana de antecedência. Claro que podendo sempre haver contingências de última hora, também têm de estar claramente acessíveis nessa comunicação”.

“Neste momento, a razão pela qual é difícil programar com mais do que uma semana prende-se com (…) o preço pago aos médicos prestadores de serviços. O valor/hora é estabelecido numa espécie de leilão. Mediante as necessidades, os hospitais vão aumentando o valor até encontrarem alguém e os médicos ficam à espera de um hospital a pagar muito bem”, explicou.

O médico frisou que é, por isso, “muito importante acordar um valor para cada hospital. O ideal era ser igual. Mas não pode ser porque tem de existir compensação para a distância ou a complexidade dos casos”.

Questionado sobre como podem ser harmonizados esses valores com os das equipas dos quadros, indicou que o tema está “a ser alvo de negociação entre a ministra e os sindicatos”, sendo “uma medida fundamental porque a desigualdade cria um ambiente muito destrutivo nas equipas de urgência e favorece, ou motiva, os médicos a saírem do SNS para serem apenas médicos à tarefa”.

Sobre o facto de estarem impedidos de fazer urgências à tarefa no hospital a que pertencem mas poderem “fazê-lo no vizinho”, como questionou o Jornal de Notícias,
Diogo Ayres de Campos respondeu que “o alvo principal das negociações é alterar essa realidade, bastante prejudicial”.

“Nos hospitais que não têm necessidade de tarefeiros, também não há motivação para a realização de horas extra, sempre necessárias em férias ou por doença, porque vão fazê-las no hospital ao lado, onde recebem quatro ou cinco vezes mais”, acrescentou o médico.

No que toca à uma maior articulação entre as urgências para evitar encerramentos simultâneos, avançou que “a primeira medida [a tomar] é tentar que as contingências não sejam todas para o mesmo dia, antecipando ou passando para o dia seguinte”.

Ao que acrescentou: “se não for suficiente, vamos considerar a possibilidade de haver recursos centralizados, com equipas que serão deslocalizadas para outras urgências. Será essa a recomendação da comissão”.

ZAP //

1 Comment

  1. Estaremos a chegar ao fim da democracia com os grupos de interesses instalados na Comunicação Social, com demarcação especial na TVI, estamos com uma ganância de exploração comandada por organizações poderosas que tanto irão sugar até à destruição do sistema democrático por insustentabilidade de tanta usurpação, uma criança, um adulto em Portugal que está em paz, pode não morrer com uma Bomba de Putin, ou com a fome provocada por a Rússia, mas parece muito fácil morrer por falta de assistência Médica de profissional de saúde, é urgente repensar os sistemas de poderes em Portugal, ou seremos capazes de acabar com estas organizações criminosas ou acabam elas com a democracia, está claro que com estes Deputados não é possível,da extrema Esquerda á direita incluídos os novos Partidos que foram experiências falhadas, não sei como conseguir, mas é por demais evidente que tem de começar pela comunicação social, e limitar os poderes das organizações de interesses que nunca poderão ter poderes para escravizar a sociedade,ou mandar mais que um qualquer poder de Estado instituído Democraticamente.

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