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“Dizem-se cristãs e usam a Bíblia para excluir… A Bíblia exige interpretação”

Miguel A. Lopes / Lusa

Missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude

Uma jovem que esteve na JMJ é rápida no momento de descrever o evento com uma palavra: “Acolhimento”. As partilhas de Bárbara em entrevista ao ZAP.

ZAP – Que idade tens?
Bárbara – 25.

ZAP – Quantos quilómetros percorreste para chegar à Jornada Mundial da Juventude (JMJ)?
Bárbara – Não sei ao certo. Fomos do Porto para Fátima e de Fátima para Lisboa. A pé andamos bastante, principalmente no dia da Vigília.

ZAP – O que te levou até lá? Qual foi o momento em que decidiste: “Vou!”?
Bárbara – Eu tinha a vontade de vivenciar uma experiência assim há muitos anos. Quando os meus amigos foram para a JMJ na Polónia, eu não pude ir, porque ainda era pequenina e os meus pais não deixaram. E ouvi-os falar desta experiência e sempre sonhei com ela, mas acredito que o principal motivo para dizer “Vou” foi a sorte que tive de vivenciar uma Igreja de amor e que me acolheu sempre. Ainda que tenha crescido com a Igreja, só nos últimos 3 anos tive uma presença assídua em comunidade cristã. O Papa Francisco é a representação da Igreja que eu defendo e na qual me revejo, por isso foi fácil decidir.

ZAP – Agora que acabou, quando pensas no evento, qual é a primeira palavra/descrição que te lembras?
Bárbara – “Acolhimento”. Senti verdadeiramente aceitação pelo que sou e por todos os que se fizeram presentes, apenas com o essencial e amor no coração.

ZAP – O que captaste mais dos jovens de outros países?
Bárbara – Parecemos diferentes, com culturas diferentes, mas partilhamos da mesma alegria. Eu vi e senti, de verdade, que quem vive em Cristo, nunca está só.

ZAP – Também estavam lá muitas pessoas acima dos 40 ou dos 50 anos?
Bárbara – Muitas mesmo, foi uma surpresa boa. A Camila, com 63 anos, foi connosco e foi uma surpresa maravilhosa, cheia de garra e alegria.

ZAP – A JMJ pode ter mudado alguma coisa na Igreja Católica em Portugal?
Bárbara – Eu acredito que sim, e espero mesmo que sim. Acredito que as pessoas, que se dizem cristãs, mas usam a Bíblia (com milhares de anos e que exige interpretação) como argumento para excluir e criticar pessoas, não poderão continuar a fazê-lo com tanta assertividade, se o nosso superior e santo Papa nos diz “A Igreja é de todos, todos, todos!” – foi a mensagem que mais me marcou e aquela que devemos mesmo levar no coração! Aceitar o outro tal como ele é, e não como gostaríamos que fosse. É urgente estarmos atentos, saber escutar e respeitar a diversidade. É um caminho duro, e ainda longo, mas precisamos de ser pacientes e perseverantes para que a Igreja seja para todos um lugar de amor e acolhimento.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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